Entrevista:O Estado inteligente

sábado, fevereiro 09, 2008

MILLÔR

Hans Stephen Wertheimer está com um novo livro na praça (a praça dele é na Suíça): Die Witzigsten Bonmots. Coloca nele vários Aphorismen meus. Vejam que maravilha: De todas as taras sexuais a mais estranha é a abstinência deu Die Enthaltsamkeit ist das absurdeste aller sexuellen Gebrechen. Te cuida, Goethe!

LÍNGUA, PRA QUE VOS QUERO?

Linguagem. Ainda e sempre.

Voltando ao dr. Aldo Rebelo, que outros preferem Rabelo.

Como o senhor é um nobre batalhador pela pureza da língua (se fosse geneticista ou hitlerista proibiria também as moças brancas de transar com escurinhos e os negões de transar com louras burras, e estaria condenada essa execrável miscigenação), lembrei-o de que a mais brasileira das palavras é futebol.

E tem mais, nobre deputado (é nobre ainda, deputado?), futebol talvez seja hoje a mais universal das palavras. Estrangeira em toda parte. Nacional em todo lugar.

E o senhor sabe que, no passado, os aldos rebelos de então, numa tentativa de evitar a introdução no país do termo football, lutaram pra que o esporte se chamasse ludopédio? Ou, melhor ainda, pebolismo? Como o senhor, lingüista emérito, já percebeu, não colou. O esporte, estrangeiríssimo, este, sim, colou. Colou aqui, colou ali, colou até na China. Onde se chama, é verdade, .

E, o senhor sabe?, sei que sabe, que a posição dos jogadores ou os próprios jogadores pela posição se chamavam goal-keeper (pronunciava-se gol quíper), back, half, center-half, ou forward, center-forward? E que o juiz se chamava não juiz como agora, que pode até se confundir com os do Supremo de frango, mas, veja só, meritíssimo, referee?

Sabe o que aconteceu? Sem nenhum legislador pra ensinar ao povo, o povo tomou a rédea nas mãos – ensinou aos legisladores. Povo tem que ser controlado, como sabemos todos nós do PCB.

Por isso temos hoje o goleiro, o zagueiro, o meio-de-campo, o avante e por aí vai. E referee passou a se chamar juiz. Não é estranho? Tudo isso sem legislação.

Porém, se não é estranho, é muito curioso, mas ninguém repara. Os times se chamavam, como ainda se chama o meu glorioso Fluminense, Fluminense Futebol Clube. Em nossa língua deveria se chamar não Futebol Clube mas Clube de Futebol. O adjetivo antecedendo o substantivo é puro anglicismo. Mas não é natural, doutor? O esporte bretão (era chamado assim, meritíssimo), como o nome indica, vinha da Inglaterra.

Quanto ao córner virar escanteio, sou contra. Corner era muito melhor.

Como diria o Jânio (Quadros): "Que língua, a nossa!".

Hans Stephen Wertheimer está com um novo livro na praça (a praça dele é na Suíça): Die Witzigsten Bonmots. Coloca nele vários Aphorismen meus. Vejam que maravilha: De todas as taras sexuais a mais estranha é a abstinência deu Die Enthaltsamkeit ist das absurdeste aller sexuellen Gebrechen. Te cuida, Goethe!

LÍNGUA, PRA QUE VOS QUERO?

Linguagem. Ainda e sempre.

Voltando ao dr. Aldo Rebelo, que outros preferem Rabelo.

Como o senhor é um nobre batalhador pela pureza da língua (se fosse geneticista ou hitlerista proibiria também as moças brancas de transar com escurinhos e os negões de transar com louras burras, e estaria condenada essa execrável miscigenação), lembrei-o de que a mais brasileira das palavras é futebol.

E tem mais, nobre deputado (é nobre ainda, deputado?), futebol talvez seja hoje a mais universal das palavras. Estrangeira em toda parte. Nacional em todo lugar.

E o senhor sabe que, no passado, os aldos rebelos de então, numa tentativa de evitar a introdução no país do termo football, lutaram pra que o esporte se chamasse ludopédio? Ou, melhor ainda, pebolismo? Como o senhor, lingüista emérito, já percebeu, não colou. O esporte, estrangeiríssimo, este, sim, colou. Colou aqui, colou ali, colou até na China. Onde se chama, é verdade, .

E, o senhor sabe?, sei que sabe, que a posição dos jogadores ou os próprios jogadores pela posição se chamavam goal-keeper (pronunciava-se gol quíper), back, half, center-half, ou forward, center-forward? E que o juiz se chamava não juiz como agora, que pode até se confundir com os do Supremo de frango, mas, veja só, meritíssimo, referee?

Sabe o que aconteceu? Sem nenhum legislador pra ensinar ao povo, o povo tomou a rédea nas mãos – ensinou aos legisladores. Povo tem que ser controlado, como sabemos todos nós do PCB.

Por isso temos hoje o goleiro, o zagueiro, o meio-de-campo, o avante e por aí vai. E referee passou a se chamar juiz. Não é estranho? Tudo isso sem legislação.

Porém, se não é estranho, é muito curioso, mas ninguém repara. Os times se chamavam, como ainda se chama o meu glorioso Fluminense, Fluminense Futebol Clube. Em nossa língua deveria se chamar não Futebol Clube mas Clube de Futebol. O adjetivo antecedendo o substantivo é puro anglicismo. Mas não é natural, doutor? O esporte bretão (era chamado assim, meritíssimo), como o nome indica, vinha da Inglaterra.

Quanto ao córner virar escanteio, sou contra. Corner era muito melhor.

Como diria o Jânio (Quadros): "Que língua, a nossa!".





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