Numa operação espetacular, míssil americano
destrói satélite que poderia cair na Terra
Rafael Corrêa
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Com um míssil certeiro que subiu a mais de 9 000 quilômetros por hora, a Marinha dos Estados Unidos destruiu na quinta-feira passada o satélite US 193, que vagava à deriva pelo espaço havia mais de um ano. Os americanos perderam o controle sobre o US 193, um satélite espião, horas depois de seu lançamento. A justificativa para sua destruição é que ele poderia cair na Terra numa região habitada e liberar o combustível altamente tóxico armazenado em seu tanque. No cenário político internacional, a missão adquiriu outro significado. Ela foi vista como uma demonstração do poderio bélico americano. A China realizou operação semelhante em janeiro de 2007, alvejando com um míssil um satélite meteorológico desativado. Os satélites são hoje peças-chave na estratégia militar de muitos países. Eles servem para comunicações, espionagem, reconhecimento de terreno, orientação de aeronaves e de tropas em terra. Mas se tornam alvos fáceis para quem detém a tecnologia necessária para aniquilá-los. Numa guerra, a destruição de um único satélite por um míssil pode paralisar a movimentação das tropas inimigas.
A militarização do espaço começou na Guerra Fria. Os Estados Unidos e a Rússia usavam satélites para espionar mutuamente seus arsenais nucleares. Os especialistas em segurança temem que o próximo passo na disputa de forças entre as potências militares seja a colocação de armas em órbita. Recentemente, a Rússia e a China propuseram a assinatura de um tratado para frear a escalada militar espacial, inclusive banindo o uso de armas. Os americanos rejeitaram a idéia. Embora o espaço, assim como os oceanos, seja de todos os países, ele é vital para garantir a segurança dos Estados Unidos. Por isso, os americanos não vão abrir mão de ocupá-lo de forma a garantir seus interesses no caso de um conflito de grandes proporções.