Entrevista:O Estado inteligente

sábado, fevereiro 23, 2008

A vitória do Blu-ray na luta pela sucessão do DVD

Venceu. Mas vai levar?

O Blu-ray ganhou a disputa pela sucessão do DVD.
Mas não será fácil competir com a internet


Carlos Rydlewski


Fotos Nicky Loh e Yuriko Nakao/Reuters
Nas lojas: a oferta de filmes em alta definição ainda é pequena, mas aumentará com a vitória do Blu-ray

Os primeiros aparelhos de DVD começaram a ser vendidos no mundo em 1997 e, com rapidez impressionante, substituíram as fitas VHS. Desde então, os pequenos discos ópticos e brilhantes, com apenas 12 centímetros de diâmetro, conquistaram um mercado monumental, estimado em 24 bilhões de dólares. Mas esse longo reinado tem prazo de validade. E esse prazo terminou. Na semana passada, a indústria definiu oficialmente o sucessor do DVD, após uma disputa que se arrastava havia três anos. A vitória coube ao Blu-ray. Criada pela Sony, essa tecnologia tem maior capacidade de armazenamento de dados e reproduz filmes com alta definição de imagem. O derrotado foi o HD-DVD, da Toshiba. Nessa guerra entre as japonesas Sony e Toshiba, o tiro final saiu dos estúdios Warner Brothers, que aderiram ao Blu-ray em janeiro. Com isso, o novo padrão se tornou o preferido de cinco entre os oito grandes grupos cinematográficos de Hollywood. No papel, portanto, tudo resolvido. O Blu-ray substituirá o DVD. Na prática, a história não é tão simples.

Com o rápido avanço das conexões de banda larga, muitos filmes em alta definição já circulam de diversas formas pela rede mundial de computadores. Nos Estados Unidos, a empresa de telecomunicações AT&T lançou em 2006 um serviço de TV pela internet (IPTV, no jargão) com 320 canais, sendo mais de quarenta deles com todo o conteúdo exibido em alta definição de imagem. Trata-se do U-verse, atualmente com 230.000 assinantes em uma dezena de estados americanos. Desde o fim de 2007, o U-verse está recebendo 12.000 novos clientes por semana. A operadora Verizon oferece um serviço semelhante, chamado FiOS. Empresas como a Apple também entraram com força no ramo de distribuição de filmes pela web. Nesse caso, tentam repetir o sucesso das vendas on-line de música. Em janeiro, a marca da maçã anunciou que havia vendido 125 milhões de shows e 7 milhões de filmes pela loja virtual da companhia, o iTunes. Agora, o site também está alugando filmes. São oferecidos 1.000 títulos, sendo 100 deles em alta definição.

Esses são negócios incipientes, mas têm perspectivas animadoras. Uma análise realizada pela consultoria americana iSuppli indica que a TV na internet, que inclui canais com programas e filmes, movimentou 422 milhões de dólares em 2006. Esse valor deve aumentar para 5,8 bilhões de dólares em 2011. Ou seja, crescerá mais de dez vezes em cinco anos. O instituto Gartner acredita que o número de assinantes desses serviços atingirá 50,3 milhões em 2010 – era 1,3 milhão em 2004. O público interessado em downloads de filmes, um produto batizado na internet de vídeo por demanda (VOD, na sigla em inglês), somará 20,5 milhões de pessoas em 2010 (veja o gráfico abaixo).

Não é apenas a rede mundial de computadores que concorre com o Blu-ray. Hoje, há aparelhos de DVD que usam discos convencionais, mas conseguem simular o efeito de alta definição. A imagem não é tão boa. Já o preço, comparativamente, é bastante atraente. Um eletrônico desse tipo, que turbina os DVDs, custa 500 reais nas lojas brasileiras. Um Blu-ray sai em média por 3.000 reais. Mas esse não é o único problema do novo padrão – cujo nome faz alusão ao raio laser azul, mais fino e preciso que o laser vermelho do velho DVD, usado para ler o conteúdo dos discos. Os filmes digitais em alta definição, feitos com grande volume de dados, já não precisam de bolachas brilhantes para ser transportados. É possível carregá-los dentro de um pen drive, que pode ser conectado diretamente à televisão.


A mágica do Vudu

Divulgação
Locadora em casa: a caixa de 5 000 filmes

A concorrência com o Blu-ray, substituto do DVD, não se limita a sites de vídeo. Lançado nos Estados Unidos no fim do ano passado, um aparelho chamado Vudu baixa filmes com uma praticidade adicional: dispensa o uso de computador. Ele custa 295 dólares e tem o formato de uma caixa preta que pode ser acoplada à TV ou ao computador. Vem com disco rígido de 250 gigabytes, nos quais estão arquivados os primeiros trinta segundos de 5 000 filmes – é como uma videolocadora dentro de casa, renovada semanalmente pela internet. Os downloads são feitos enquanto se assiste aos trechos iniciais dos filmes, que podem ser alugados (por 3 a 6 dólares) ou comprados (por 5 a 20 dólares).


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