Folha de S. Paulo | 22/2/2008 | Uma das melhores notícias deste verão é uma não-notícia: os aeroportos funcionam normalmente. Incrível, não é? Tenho viajado bastante e acompanhado o noticiário e posso afirmar que não é propaganda do governo, é verdade. Você faz seu check-in, embarca e chega, como nos velhos tempos. Sim, ainda ocorrem atrasos, mas nada selvagem, a pontualidade não é o forte dos brasileiros em geral. Basicamente, os controladores de vôo são os mesmos, são os mesmos aeroportos e equipamentos, as mesmas companhias aéreas, aviões e funcionários, agora pressionados pelo aumento de vôos na alta temporada de férias, com pacotes, descontos e promoções. Mas tudo está normal, ou quase. Chuvas muito fortes podem provocar atrasos e cancelamentos, nos horários de pico as filas são maiores, está ficando parecido com qualquer lugar do mundo. Méritos do ministro Nelson Jobim e da presidente da Anac, Solange Vieira, e equipe. E de quem os nomeou. Mas tudo não teria sido muito menos penoso e traumático se o ex-ministro Waldir Pires e seus trapalhões tivessem sido demitidos um ano antes? Quanto sofrimento, desgaste político, dinheiro e talvez vidas teriam sido poupados? Até Lula, que sabe tudo, deve ter aprendido algo. Principalmente sobre os perigos e conseqüências do aparelhamento político, com incompetentes, de órgãos vitais como a Anac e a Infraero. Quem tem saudades do comendador Zuanazzi, Denise Charuto e Lomantinho? Nem os seus padrinhos. Só quem acredita que o caos aéreo foi uma invenção da imprensa golpista. Mas como celebrar a ordem sem reconhecer o caos? Esta metamorfose aérea, por seus erros e acertos, é exemplar para o país, para a voracidade cega dos políticos e para a limpeza e a eficiência da administração pública. |
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