O Estado de S. Paulo |
22/2/2008 |
Ontem, o Banco Central admitiu que o Brasil passou à condição de credor externo líquido. É a primeira vez na História que isso acontece. O Brasil tem um longo passado de ficha suja: quebrou diversas vezes nos últimos 20 anos, suspendeu pagamentos externos em 1983 e 1987, passou calote na dívida (moratória) e forçou a revisão dos termos contratuais dos seus títulos. Se passou a credor líquido, fica entendido que, além de ter todos os recursos para pagar sua dívida, o Brasil ainda dispõe de sobras aplicadas lá fora. Essa é uma reviravolta e tanto na qualidade da economia brasileira. Mas atenção: essa condição pode ser revertida em semanas. Como já foi adiantado por esta coluna no dia 15, se for confirmada a compra da mineradora suíça Xstrata pela Vale, negócio que implicará tomada de empréstimos em moeda estrangeira, a dívida externa total voltará a aumentar em cerca de US$ 50 bilhões. Assim, as reservas teriam de crescer pelo menos mais US$ 46 bilhões para que o Brasil voltasse à condição de credor externo líquido. Ao final de 2007, a dívida externa total deve ter chegado a alguma coisa em torno dos US$ 183,5 bilhões (veja o gráfico), dos quais apenas US$ 70 bilhões corresponderam a compromissos do setor público (dívida soberana). A maior parte dos restantes US$ 113,5 bilhões era devida por empresas e instituições (nacionais e estrangeiras), que só tem importância para o setor público na medida em que o monopólio do câmbio deixa o devedor dependente do Banco Central no fornecimento de moeda destinada ao pagamento da dívida. Ou seja, numa situação em que o País estivesse quebrado, o Banco Central poderia estar impossibilitado de vender dólares a empresas que precisassem saldar dívidas lá fora. Antes de prosseguir, uma observação. A condição de credor externo não deixa de ser uma anomalia. É país pobre emprestando dinheiro para país rico. Mas é uma manifestação adicional da grande virada no comportamento da economia mundial, que mudou o jogo na relação entre países. Os principais emergentes passaram a financiar o consumo dos Estados Unidos. E isso se faz por meio da formação de reservas externas, que são quase automaticamente aplicadas em títulos da dívida americana. Independentemente da iminência do novo salto no crescimento da dívida externa que adviria com a compra da Xstrata, há notório aumento da confiança externa na economia, e isso, por si só, deve atrair mais capitais que, por sua vez, ajudarão a valorizar o real diante do dólar. A nova situação tende, também, a apressar o reconhecimento de grau de investimento da dívida brasileira. Se o País pode pagar toda a dívida e ainda sobram recursos, não há por que temer o calote. Quando uma dívida soberana passa a grau de investimento, grande número de fundos de pensão, fundos de investimentos e carteiras conservadoras de investimento, que só podem aplicar seu patrimônio em “títulos ponta firme”, passarão a investir em títulos brasileiros. E, na medida em que aumentar a demanda por esse passivo, os juros cairão e puxarão para baixo também os juros internos (Selic). |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, fevereiro 22, 2008
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