JB - 25/fev/2008
Quase cinqüenta anos depois de escravizar Cuba e impor ao seu povo a crueza insana do socialismo, o ditador Fidel Castro anunciou que vai "se aposentar". Naturalmente, para quem lhe conhece a folha corrida manchada de sangue, o macróbio comunista não é credível. Ele se retira, sim, do topo nominal da nomenclatura, mas quem nos garante que o velho bandido não continuará a dar as cartas? Sinceramente, não acreditamos que o bandoleiro da Serra Maestra largue completamente o osso, enquanto ainda lhe restar algum neurônio em atividade. "Não me despeço de vocês", diz ele em sua carta de despedida. "Desejo apenas combater como soldado das idéias". Soldado de idéias que, por via das dúvidas, manteve o cargo de secretário do partido comunista. Aliás, num regime dito "socialista", o manda-chuva mesmo é o líder do partido único.
Pois é. Soldado de idéias... E que idéias! A principal delas foi, sem dúvida, a extinção — na mais cruel acepção deste vocábulo — de qualquer oposição ao chefe supremo com o estabelecimento de um sistema centralizante e monopartidário; em outras palavras, decretou-se o fim do pluralismo político. Eleições livres? Nem pensar. Foi um período da mais pura autocracia, tempero indispensável ao socialismo dito científico. Outras idéias caríssimas ao soldado das idéias foram os tribunais sumários e a perseguição religiosa, regulados por uma única norma jurídica: a constituição cubana em vigor é a vontade de Fidel Castro, um déspota mui pouco esclarecido. Enfim, sobre tão infame ideário fundou-se o que os comissários de Lula da Silva chamam de "paraíso socialista". Exatamente, caro leitor, é assim que aquela malta enxerga a sangrenta ditadura cubana, infinitamente mais cruel que a do execrado general Pinochet no Chile. Resumo da ópera: as prisões de Cuba estão apinhadas de infelizes que tiveram a ousadia de pensar, proferir idéias próprias e discordar das idéias de um autoproclamado soldado das idéias.
Poderíamos enunciar uma lista comprida de atos discricionários do socialismo cubano que assassinaram ou encarceraram milhares de dissidentes ou relatar fugas desesperadas, em embarcações precárias, de uma repressão aterrorizante. Sempre foi essa a rotina, o dia-a-dia na vida de uma população enclausurada que arrisca a vida para escapar ao pesadelo da privação de direitos elementares sob a bota implacável de um tirano.
Jacobinos de todos os quadrantes apressam-se em enaltecer o mais novo aposentado da elite revolucionária. O líder do partido comunista russo, Gennady Zyuganov, saudoso do autoritarismo soviético, considera Fidel Castro "um político brilhante". Lula da Silva, por sua vez, analfabeto funcional que nunca leu sequer um mísero almanaque capivarol, ao comentar a renúncia do "companheiro", declarou sem um pingo de vergonha na cara: "Fidel é um dos grandes mitos da história da humanidade". Sequer vamos cogitar de considerações sobre tamanho despropósito. Perguntamos simplesmente o que entende um apedeuta de mitos históricos? Fica, portanto, mais uma vez, comprovado que nosso asinino presidente limita-se a repetir, qual um papagaio amestrado, os clichês que lhe enfiam no crânio os teóricos do partido. E quando a figura se mete a raciocinar e a emitir opinião própria, expõe-se a constrangimentos tão ridículos quanto desastrosos.
A lógica, frigidamente formal, nos permite inferir que aquele que aplaude os crimes de um autocrata concorda com ditadura, escravidão, terrorismo, genocídio, espoliação, repressão, censura e propaganda enganosa. Este, sim, é o retrato de Fidel, o verdadeiro legado do bandoleiro caribenho. Por conseguinte, as pessoas de bem devem ver com bons olhos o processo de putrefação da carne e da alma do Sr. Fidel Castro Ruz, um monstro capaz de fazer Mefistófeles parecer um compassivo congregado mariano. A morte implacável muito em breve virá buscar o facínora, e o inferno há de lhe parecer familiar, com uma incômoda diferença: lá, "El Comandante" é o outro.
Entrevista:O Estado inteligente
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segunda-feira, fevereiro 25, 2008
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