Vinte anos depois, Rambo volta empapado em sangue
Marcelo Marthe
Numa cena de Rambo IV (Rambo, Estados Unidos/Alemanha, 2008), o herói vivido por Sylvester Stallone deixa claro que não está para brincadeira: sem mover um músculo da face, arranca o pomo-de-adão de um adversário com a mão. É uma amostra do que se pode esperar do filme que marca o retorno do brucutu depois de vinte anos: muito, muito, muito sangue.
Sem brincadeira, é muito mesmo.
A ação resulta em nada menos do que 236 mortes, quase três por minuto. São corpos que explodem, cabeças decepadas e outras barbaridades. Stallone tem 61 anos – e parece ansioso para mostrar que ainda dá conta do recado. O lançamento de um quarto episódio da série de sucesso dos anos 80 atende a seu esforço para voltar à tona, iniciado em 2006 com a ressurreição de outro tipo que fez sua fama, o boxea-dor de Rocky Balboa. Mas, pelo que se vê em Rambo IV, talvez seja hora de se aposentar. Em cartaz no país a partir desta sexta, o filme cumpre as piores expectativas. A nova aventura tem uma trama tão simplória quanto as anteriores. Saem de cena a Guerra Fria, o Vietnã, o Afeganistão. O pano de fundo passa a ser um conflito que desperta comoção humanitária: a guerra civil em Mianmar, no Sudeste Asiático. Rambo transporta um grupo de religiosos americanos até uma aldeia arrasada pela ditadura feroz do país. Lá, saca de sua bandana e vira um vingador. O detalhe é que no filme, dirigido pelo próprio Stallone, o país ainda é chamado pelo antigo nome, Burma. Rambo está mesmo perdido.