Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Clóvis Rossi - O encontro dos caras-de-pau



Folha de S. Paulo
15/2/2008

Quando comecei na Folha, há exatos 28 anos, Adilson Laranjeira era chefe de reportagem. Meu chefe, portanto.
Profissional competente, uma de suas funções era pôr a sua turma a trabalhar em textos de denúncia ou críticos a Paulo Salim Maluf.
Depois, o velho e bom Adilson mudou de lado. Passou a ser assessor de imprensa de Maluf. E, nessa função, faz o contrário do que fazia quando estava na Folha: manda cartas negando todas as acusações e críticas a seu chefe. É do jogo.
Essa rotina reapareceu, em parte, na edição de ontem desta Folha, em carta na qual Adilson diz que fui injusto ao comparar a farra dos "fuscas" com dinheiro público de Maluf com a farra dos cartões lulopetistas (e tucanos).
Mas há, na carta, um dado relevante: nos 23 anos decorridos até chegar ao poder, o PT fazia questão de vociferar que todos os demais partidos eram farinha do mesmo saco e que só ele era impoluto como a Virgem Maria.
Agora que a suposta virgem virou "organização criminosa", no dizer do procurador-geral da República, referendado em princípio pelo STF, é Maluf, a antiga Geni da política tupiniquim, quem fica injuriado ao ser posto no mesmo saco do lulopetismo.
Já os lulopetistas nem mandam cartas para fingir que são inocentes. Apenas esmolam para que os jornalistas digamos que os outros também não são.
Pedido, aliás, que apenas revela a cara-de-pau e má-fé da "quadrilha" e de sua matilha de hidrófobos-debilóides, posto que TODOS os escândalos dos anteriores governos, TODOS, foram expostos exatamente pela mídia hoje dita "golpista", da Ferrovia Norte-Sul, no governo Sarney, à privataria, passando pela compra de votos para a reeleição, no governo FHC, para nem mencionar todos os trambiques do governo Collor, aliás hoje aliado de Lula. Como Maluf. Como Sarney.

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