O Estado de S. Paulo |
15/2/2008 |
Se for confirmada a incorporação da mineradora suíça Xstrata pela Vale, nos termos divulgados, não poderá ser ignorado o impacto do negócio sobre a dívida externa. O projeto inicial, sujeito ainda a voltas e reviravoltas, prevê não apenas o pagamento de cerca de US$ 35 bilhões em ações preferenciais da própria Vale, mas, também, o de uma parcela de aproximadamente US$ 50 bilhões em dinheiro vivo a ser providenciada por empréstimo concedido por um pool de bancos. Hoje a dívida externa brasileira bruta alcança cerca de US$ 200 bilhões. Como mostra a tabela, o último dado divulgado pelo Banco Central é de dezembro, que aponta um saldo de US$ 197,7 bilhões. Desse total, apenas US$ 70,1 bilhões constituem passivo do setor público, a parcela que o mercado denomina dívida soberana. Os demais US$ 127,6 bilhões são compromissos do setor privado brasileiro (empresas e instituições), incluídas aí as obrigações de curto prazo. Como as reservas externas alcançam US$ 189 bilhões, a dívida externa brasileira líquida, que inclui o passivo do setor privado, é irrelevante; não é superior a US$ 11 bilhões. Mas, se a Vale brasileira tomar um empréstimo de US$ 50 bilhões, a dívida externa bruta dará um salto de 25%. Se, por exemplo, a operação viesse a ser fechada pela canadense Inco, incorporada pela Vale em outubro de 2006, a dívida externa brasileira não aumentaria. Mas a Inco não parece ter patrimônio suficiente para assumir um passivo dessas proporções. A questão não é apenas teórica. As agências de classificação de risco têm argumentado que uma das razões pelas quais ainda não foi conferido o grau de investimento aos títulos de dívida do Brasil é a de que a dívida externa total ainda é maior do que as reservas externas em poder do Banco Central. É um argumento capenga porque a classificação de risco alcança apenas a dívida soberana (dívida pública); não se estende à dívida privada. Em todo o caso, ele vem sendo usado para justificar essas demoras, sob o argumento de que, no Brasil, o monopólio do câmbio deixa as empresas dependentes do Banco Central no suprimento de moeda estrangeira para pagamento de compromissos no exterior. E se a dívida der um salto assim, esse argumento poderia, em princípio, ser usado para justificar novos adiamentos para o reconhecimento do grau de investimento. Nas últimas semanas, setores nacionalistas vêm criticando a proposta de compra de empresas lá fora por grandes corporações brasileiras. Na base dessas críticas está a idéia de que um país em desenvolvimento como o Brasil não deveria exportar investimentos, especialmente se os recursos provêm de endividamento externo. Deveria, argumentam, aplicá-los no País, onde as necessidades de capital são maiores. Esse raciocínio está viciado porque não leva em conta dois fatores. O primeiro deles é o de que não fechar negócios assim é deixar a oportunidade para os chineses e fundos soberanos de outros países. O segundo é o de que o investimento no exterior hoje é garantia de entrada futura de lucros e, portanto, de maior capacidade de investimentos, dentro ou fora do País. E aumenta a capacidade de pagamento da dívida externa brasileira. Confira Só um pretexto - O esperado pronunciamento do presidente do Fed, Ben Bernanke, não trouxe nenhuma má notícia. Apesar das ressalvas sempre empregadas por banqueiros centrais, foi visto como fortemente otimista. No entanto, o mercado financeiro respondeu com mau humor. Bateu nas ações e em tudo o que parecesse aplicação de risco, apegado à observação de Bernanke de que pode haver mais perdas dos bancos. Tudo parece ter sido apenas uma oportunidade para realização de lucro no mercado de ações, depois de três dias de alta seguida. |
Entrevista:O Estado inteligente
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sexta-feira, fevereiro 15, 2008
Celso Ming - A Vale e a dívida
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