Entrevista:O Estado inteligente

quinta-feira, setembro 13, 2007

Celso Ming - De bom tamanho




O Estado de S. Paulo
13/9/2007

O PIB do segundo trimestre veio algo abaixo do esperado, mas trouxe duas qualidades: está mais assentado no aumento do consumo e reduziu as suspeitas de que haja superaquecimento na economia.

No acumulado em 12 meses, o aumento da renda foi de 4,8%. Mas, comparando o segundo trimestre deste ano com o segundo do ano passado, foi de 5,4%. Esses números parecem apontar para um avanço, em todo este ano, de algo em torno dos 5%.

Continuamos atrás dos principais emergentes. Mostra o Economist que a China cresce a 11,9%; a Rússia, a 7,9% e a Índia, a 9,3%. Em todo caso, este é o maior avanço desde 2004, com a diferença de que vem mais consistente.

Há alguns pontos positivos a destacar. Um deles é o bom desempenho da indústria de transformação, que vinha medíocre: foi de 4,0% no acumulado em 12 meses e de 7,2% se comparado com o crescimento do segundo trimestre de 2006. Diante desses números, não cabe mais insistir em que continue a estagnação.

Outro ponto positivo é o comportamento do investimento, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que está crescendo 9,8% no acumulado em 12 meses e 13,8% na comparação com o segundo trimestre de 2006. Quatro fatores estão empurrando o investimento: o dólar barato, que encoraja importações de máquinas; o aumento do consumo (ver em seguida); a expansão do financiamento às empresas (de 25,3% ao ano, em julho); e a redução dos juros desde setembro de 2005.

Um dos componentes da demanda do qual se temia surpresa ruim é o consumo das famílias. O risco era o de que indicasse demanda excessivamente aquecida e a necessidade de reverter a trajetória dos juros. Mas, em relação ao trimestre do ano passado, o consumo está crescendo 5,7% e, em 12 meses, 5,2% - até mesmo abaixo da produção industrial.

Estranho foi o resultado da agropecuária. A percepção geral é a de que o setor vai bem, graças à alta dos preços internacionais e à boa produção física. Mas veio um crescimento de apenas 6,6% no acumulado em 12 meses e de 0,2%, quando comparado com o segundo trimestre de 2006. Essa tem tudo para ser uma deformação estatística causada pela desatualização do peso da cafeicultura na produção. O setor de serviços também teve desempenho fraco. Cresceu apenas 0,6% em relação ao primeiro trimestre.

Esse PIB é satisfatório e não apresenta preocupações exageradas em relação ao que mais se temia: que a indústria não esteja dando conta da demanda.


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