Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 22, 2007

Vamos privatizar a Petrobras! Antes que seja tarde

Vamos privatizar a Petrobras! Antes que seja tarde

Por que o PT gosta tanto de estatais? É fácil descobrir. Saibam que a luta para aprovar a CPMF chegou à Petrobras. O objetivo é acomodar na gigante com orçamento de R$ 52 bilhões pressões do PT, do PMDB e do PP. Por que partidos querem tanto os cargos em empresas? Apenas para que um diretor, filiado a legenda, ganhe um capilé a mais? Não, é claro. O posto implica poder, verba e, portanto, influência. E isso nada tem a ver com petróleo ou gás. As mudanças mais importantes ontem foram estas:

- O petista José Eduardo Dutra, ex-senador e ex-presidente da empresa, vai para a presidência da BR;
- Maria das Graças Foster, também na cota do PT e pessoa de confiança de Dilma Rousseff, vai para a diretoria de Gás e Energia, no lugar de Ilso Sauer;
- Ildo Sauer, militante petista, disse que volta a dar aulas — e escreveu uma patética carta de despedida, de que falo daqui a pouco;
- João Augusto Fernandes, ligado ao PMDB, pode assumir a área internacional da empresa. O cargo hoje está com Nestor Cerveró, ligado ao senador Delcídio Amaral (PT-MS);
- Segundo a Folha de hoje, “o diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, ligado ao PP, pode ser substituído por pressão do ministro de Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia (PTB), que quer a indicação do ex-gerente-executivo de Abastecimento Alan Kardec para o posto. Kardec, que entrou em atrito com Costa por causa da nomeação, foi acomodado numa assessoria direta do presidente da estatal, José Sergio Gabrielli.”

Estatais deveriam obedecer a diretrizes de estado? É claro que sim. E, no entanto, como se vê, atendem a partidos. É assim que os petistas entendem o poder e é essa a linguagem que fala com seus sócios.

Carta
Sauer, o demitido, escreveu uma carta “Aos companheiros (sic) e amigos da Petrobras”. Trata-se de um documento impressionante. Logo de cara, afirma: “Fiquei na Diretoria de Gás e Energia da Petrobrás quatro anos e oito meses. Mas acompanho essa área há quase duas décadas como militante do Partido dos Trabalhadores e em boa parte do tempo também como colaborador do Instituto Cidadania, que assessorou o presidente Lula em suas campanhas pela Presidência”. Como se vê, estava lá como militante, não como técnico.

Ele ataca, sem seguida, os governos Collor e FHC e acusa alguns, sei lá, conspiradores (???) de pressionar a Petrobras a agir contra o interesse das estatais. O mais curioso é que ele escreve o seguinte: “O governo [de Lula!!!] acabou cedendo às pressões. E estimo que os prejuízos para as estatais e para os pequenos e médios consumidores de energia elétrica do país decorrentes dessa decisão estejam na casa dos 10 bilhões de reais”. Quer dizer que Lula atuou contra os interesses nacionais? Um espeto de R$ 10 bilhões? É uma acusação grave. E feita por um petista.

Acho que ele dá um outro pito em Lula. Narra o seu empenho em favor dos biocombustíveis, mas alerta que não é para “fomentar a demagogia de que o mundo será salvo se ampliarmos os canaviais e as plantações de oleoginosas para produzir áLcool combustível e biodiesel, mas para unir os interesses dos sócios controladores da Petrobras, que somos nós, com os interesses dos trabalhadores e dos pequenos e médios produtores”. Huuummm. Só conheço uma pessoa com esse discurso: o seu chefe espiritual.

Mas é no trecho a seguir que aparece a sua vocação missionária. Leiam: “Vivi na Petrobras os quatro anos e oito meses desde minha nomeação. Minha filha, Luísa, tinha cerca (sic) de 13 anos quando praticamente deixei a casa onde vivia com minha mulher e com ela em São Paulo para cumprir minhas tarefas no Rio. Ao me preparar para voltar a morar em São Paulo e reassumir meu cargo de professor universitário, encontrei dos textos dela na Internet com reflexões sobre Queimada, o famoso filme do italiano Gillo Pontecorvo sobre uma ilha onde o sistema colonial com base na escravidão dos portugueses é trocado pelo sistema colonial com base no trabalho assalariado e no 'livre mercado', depois de manobras do império inglês. De repente, me dei conta de que posso não ter sido afastado da Petrobras por meus defeitos. Mas pelas virtudes das pessoas de cujas lutas participei e vou continuar participando”.

Xiii. O homem tem certa vocação para mártir. Já descobrimos que os cargos da Petrobrás servem para acomodar a turma da base aliada. Agora, essa alusão ao filme Queimada e à substituição de um imperialismo por outro me deixou com a pulga atrás da orelha... A que estranhos interesses “imperiais” estaria cedendo a Petrobras? Parece que Sauer se acha o próprio José Dolores, o ingênuo que se faz líder revolucionário no filme de Pontecorvo . Quem será, então, William Walker, o agente do império?

Ai, ai. Mminha exortação, claro, é patética, mas lá vai: vamos privatizar a Petrobras. Antes que seja tarde.

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