O Estado de S. Paulo |
26/9/2007 |
A conta-gotas, os analistas internacionais vão se apercebendo de que os países emergentes estão cada vez mais importantes e têm de ser levados mais a sério. Ontem, por exemplo, o jornal parisiense Le Monde publicou matéria cujo título diz quase tudo: "A grande revanche dos países do Sul." Ainda em meio à turbulência da crise dos créditos de alto risco (subprime), multiplicam-se as observações dos comentaristas de que as coisas só não estão piores graças aos emergentes. A crise mudou de lado. Ao longo das décadas de 80 e 90, foram os emergentes que contaminaram a economia mundial. Foi o México em 1982 e 1994, os tigres asiáticos em 1997, a Rússia em 1998, o Brasil em 1999 e a Argentina em 2001. Em seguida, as grandes crises foram geradas nos Estados Unidos: a da bolha da Internet, também em 2001, e agora a das hipotecas. Quanto mais temem pelo mergulho na recessão global, tanto mais os analistas vão se dando conta de que o mundo rico já não é suficientemente denso para arrastar o resto do globo se algo grave acontece. Com as exceções de praxe, os emergentes já não afundam na crise e dispensaram tanto os recursos como as recomendações do Fundo Monetário Internacional, organismo hoje praticamente sem função. A economia da China já produz mais riqueza do que a dos Estados Unidos. Fácil fazer as contas. O PIB americano é de US$ 13,3 trilhões e o da China é de US$ 3 trilhões. Se cresce a 2%, o PIB americano soma US$ 270 bilhões anuais à sua renda; se o PIB da China cresce a 11%, acrescenta US$ 330 bilhões. A Índia cresce a 8,4%; a Rússia, a 6,7%; a Turquia, a 6,0%; a Indonésia, a 6,3%; Cingapura, a 6,2%; e o Brasil, a 4,6% (projeções da revista Economist). Outra novidade, os emergentes já dependem menos do mercado consumidor dos ricos para garantir a expansão econômica. Só a China incorpora a cada ano 40 milhões de bocas (mais do que uma Argentina) a seu mercado de trabalho. Aqui no Brasil, quase todos os dias um integrante da equipe econômica e o próprio presidente Lula lembram o distinto público que o consumo vai crescendo à velocidade de 7%. Ao longo da segunda metade do século 20, eram os países ricos que tinham de emprestar recursos para os pobres para livrá-los da quebradeira. Hoje, acontece o contrário. Na medida em que são detentores de vastas reservas, os emergentes (Brasil entre eles) tornaram-se credores líquidos dos países ricos, especialmente dos Estados Unidos, pois esses recursos estão aplicados predominantemente em títulos do Tesouro americano (T-Bonds). Há anos a população dos Estados Unidos deixou de poupar. Para manter a economia de pé, precisam importar poupança. Para cobrir seu rombo em conta corrente, precisam garantir a entrada de US$ 3 bilhões a cada dia útil, recursos que lhes são fornecidos, outra vez, pelos emergentes. Viradas assim não ficam só nisso. Conseqüências geopolíticas virão a galope. Falta saber quais serão. |
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, setembro 26, 2007
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