Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 22, 2007

Salvatore Cacciola: ele volta?

A volta de Cacciola

O Brasil vai pedir a extradição do pivô de um
dos principais escândalos financeiros do país

Eraldo Peres/AP
Cacciola: ajuda de 1 bilhão do BC


O ex-banqueiro Salvatore Cacciola, preso na semana passada no Principado de Mônaco, é o personagem principal do escândalo financeiro que se seguiu à liberação do câmbio em janeiro de 1999. Cacciola, então dono do Banco Marka, conseguiu ajuda de 1 bilhão de reais do Banco Central (BC) para salvar sua instituição, que quebrara ao insistir teimosamente na aposta de que o real manteria sua quase paridade com o dólar. Depois de cinco anos de câmbio fixo, eram evidentes os sinais da insustentabilidade da política cambial. O sistema bancário já desconfiava da iminente desvalorização. Cacciola, estranhamente, mantinha suas aplicações na direção contrária. Como ele, apenas outro banco pequeno, o FonteCindam. Resultado: como se previa, a desvalorização aconteceu, e os dois bancos implodiram. Em uma situação normal, o Marka seria liquidado e seus donos e investidores arcariam com os prejuízos. Mas não foi isso que se deu. Na surdina, Cacciola conseguiu a ajuda secreta do Banco Central para saldar parte de seus compromissos, manteve seu patrimônio protegido e, depois, fugiu para a Itália. O Brasil vai pedir a extradição do banqueiro. Para conseguir a ajuda, Cacciola chantageou o então presidente do BC, Chico Lopes, que repassava informações privilegiadas para um grupo de investidores amigos. Durante anos, Cacciola soube antecipadamente das decisões do Banco Central e ganhou muito dinheiro. Às vésperas da desvalorização, Cacciola procurou os intermediários de Chico Lopes para saber como se posicionar no mercado. Recebeu a garantia de que nada aconteceria nos dias subseqüentes. A crise financeira, porém, obrigou o governo a antecipar a desvalorização do real, sem dar a Cacciola o tempo de que precisava para reverter suas posições. Quebrado, ele ameaçou revelar o segredo, conseguiu a ajuda que queria e fugiu. Terá agora a chance de contar a verdade.

Dida Sampaio/AE
A confortável prisão de Maison d'Árrêt, onde o ex-banqueiro vai aguardar a decisão da Justiça

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