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Blog | Reinaldo Azevedo por Reinaldo Azevedo
Por Elizabeth Lopes, da AE, no Estadão On Line. Volto depois:
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), defendeu nesta segunda-feira, 24, de forma veemente, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), ao comentar a denúncia que o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, está finalizando para apresentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o mensalão mineiro.
"Não tenho nenhuma informação extra, mas, desde logo, não vi nenhum envolvimento do governador Aécio Neves (neste caso)", disse o governador ao ser questionado. A PF apontou o valerioduto mineiro como embrião do escândalo do mensalão durante o primeiro mandato do governo do presidente Luiz Inácio da Silva. O esquema de caixa 2 teria movimentado R$ 100 milhões, alimentado com recursos públicos e privados.
A apreensão no governo e entre os tucanos é quanto à possível denúncia contra o atual ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia e Eduardo Azeredo, atualmente senador. Azeredo nega participação no esquema e já isentou o ministro, afirmando que ele não foi o coordenador da campanha em 1998. Ainda na defesa de Aécio, o governador de São Paulo disse que o aparecimento de um papel que diz que Aécio teria recebido recursos como candidato a deputado na campanha de 1998 "não é prova de absolutamente nada" e reiterou: "Não creio que ele tenha algum tipo de envolvimento neste assunto."
Ao contrário da defesa enfática que fez do colega mineiro, José Serra foi mais cauteloso ao comentar sobre o eventual envolvimento do senador tucano Eduardo Azeredo (MG), que está sendo apontado como um dos focos da denúncia que será apresentada ao STF.
"Estamos aguardando o que o procurador (Antonio Fernando Souza) vai dizer para em seguida comentar." Indagado sobre a posição de seu partido neste caso, disse apenas: "A posição do partido é esperar que o procurador apresente sua conclusão para, a partir daí, avaliar."
Voltei
Já escrevi isto e reitero: o nome de Aécio Neves nem mesmo é citado daquele tal relatório da Polícia Federal. Ele aparece numa lista de mais de uma centena de candidatos, mais petistas do que tucanos, diga-se, que teriam recebido recursos da coordenação da campanha de Azeredo. Alguma evidência de que fosse necessariamente dinheiro ilegal? Não! Não há, salvo informação de que só o procurador disponha, como implicar o governador de Minas.
Compreende-se que Serra seja cauteloso ao se referir a Azeredo, mas aí o caso é realmente diferente. O senador mineiro é defensável tanto quanto Lula é defensável no caso do mensalão federal: os dois eram os beneficiários dos respectivos esquemas e alegam que nada sabiam. Dá para sustentar essa posição? Eu acho que não. Mas que se note: se o procurador-geral não citou Lula em sua denúncia, terá de explicar as razões caso venha a citar Azeredo. Terá de dizer o que há de diferente. A exemplo do petista, não há evidência material de que ele operasse o esquema ou de que dele tivesse conhecimento. O que há é a óbvia desconfiança, que vale para ele e para Lula, de que operações gigantescas como aquelas fossem feitas ao arrepio dos comandantes.
Expressei uma opinião muito clara sobre esse terma na quarta-feira, dia 19 de setembro, num post intitulado “O mensalão de Minas – Igual, mas diferente”, conforme segue:
A canalha não sai daqui, não é? O que é que vou fazer? Não é falta de chute. A última moda da turma, agora, é enviar comentários que sabe que serão rejeitados. Aí, os cretinos enviam o texto para os blogs e sites dos seus amigos, incluindo os dos anões, com uma observação: “Comentário censurado por Reinaldo Azevedo”. Eu, hein! Não é só esquerdopatia. É psicopatia também. Mas vá lá. Este post quer tratar de outra coisa. A súcia veio em revoada: “Não vai falar nada do mensalão de Minas?” Publiquei um post a respeito no dia 16 e três no dia 17, incluindo o link do relatório da Polícia Federal. Também publiquei os valores que teriam sido repassados a cada um dos partidos. Vejam lá.
Qual é a notícia desta quarta e que deve estar hoje nos jornais? Nada além do que publiquei aqui na segunda. O procurador-geral da República analisa as provas e deve apresentar, nas próximas semanas, denúncia contra os suspeitos. Eduardo Azeredo, atual senador (PSDB-MG) e candidato à reeleição ao governo em 1998, e Walfrido dos Mares Guia, hoje ministro das Relações Institucionais, devem ser estrelas da denúncia.
Li a acusação da PF (íntegra aqui). A ser como está lá, tudo o que se viu no mensalão do PT — MENOS UMA COISA — se fez também em Minas: caixa dois, falsos empréstimos, uso irregular de dinheiro de estatais, farta distribuição de recursos, empresas de fachada. O que é diferente? Em Minas, o esquema teria sido, de fato, eleitoral — vale dizer: caixa de campanha. E ninguém ficou de fora: PSDB, PFL, PT... Sim, o PT também. O total de recursos repassado aos candidatos a deputado federal do partido, segundo a PF, é superior ao que foi repassado aos do próprio PSDB. Segundo a acusação, Mares Guia, então vice de Azeredo e candidato à Câmara Federal, era o organizador do esquema. Marcos Valério, o seu operador. No caso do mensalão federal, a eleição já tinha acontecido. Ainda que se possa dizer que uma parcela dos recursos foi destinada a pagar dívidas de campanha, há evidências — e isso está na acusação do procurador-geral, acatada pelo Supremo — de que a dinheirama comprava apoio no Congresso.
Sendo verdade o que diz a PF, é grave o que aconteceu em Minas? É. Mas se trata rigorosamente da mesma coisa que fez o PT? Não. Há mais: força-se a mão para envolver Aécio Neves no escândalo. Ele aparece como tendo recebido R$ 110 mil para a sua campanha a deputado federal. Mas, nota o próprio documento da Polícia, nem todo dinheiro repassado aos candidatos era ilegal.
Azeredo e Mares Guia
O ex-governador e o ministro falaram ao Jornal Nacional: “Nunca houve mensalão em Minas Gerais. Nunca houve pagamento a deputados para que eles votassem de acordo com o interesse do governo. Eu não fui o responsável pelas questões financeiras da campanha de 98, todos que participaram da campanha sabem muito bem disso”. É uma fala cuidadosamente orientada por advogados. O ponto central está aqui: “Nunca houve pagamento a deputados para que votassem de acordo com o interesse do governo”. E, com efeito, disso não há evidências. Mas que se note: as outras irregularidades, ele não nega. Limita-se, bom aluno de Lula, a dizer que não sabia de nada.
Vejam só: com efeito, Azeredo está nessa história como Lula está na outra. Embora Lula fosse o principal beneficiário do mensalão federal, ele não sabia de nada. Embora Azeredo fosse o principal beneficiário do esquema mineiro (só não foi porque perdeu), ele também não sabia de nada. Acho, por isso, que ele deve ser poupado? Eu não. Acho é que Lula também tem de ser processado. Entenderam o meu ponto?
O agora ministro de Lula, por sua vez, também nega tudo. Ele se encontrou com o procurador geral para, “através de documentos formais, inclusive com auditoria feita por empresas de caráter internacional, demonstrar com simplicidade, clareza e objetividade que tudo o que foi feito tinha razão de ser feito, tinha fundos documentados, registrados na contabilidade e com isso esclarecerei definitivamente estas questões”. Rejeita ainda que fosse ele o coordenador da campanha. E contesta — notem que com mais ênfase do que Azeredo — que tenha havido qualquer ilegalidade.
Protegendo?
A “canalha” diz que estou protegendo esse ou aquele. Qualquer um que me acompanha sabe — o Google está aí para provar — que considero Azeredo um dos fatores que colaboraram com a recuperação do prestígio eleitoral de Lula no fim de 2005, quando chegou bem perto de beijar a lona. Defendi a sua renúncia com todas as letras. E também, então, a de Roberto Brant (PFL-MG). Recentemente, bati no senador duramente por causa de seu projeto para a Internet, que considero equivocado, censor e burocratizante. Não tenho, pois, qualquer simpatia especial por seu passado ou por seu presente.
Não! Não vou dizer que o “mensalão começou em Minas”. Porque o “mensalão” foi um esquema montado para comprar o Congresso. Não, não vou dizer que o PT só imitou os tucanos — porque o PT já imitava a si mesmo, dado que foi um dos beneficiários também do esquema mineiro. Mas que se considere: a ser verdade o sustenta a PF, uma quadrilha também foi montada em Minas. E, se foi, seus responsáveis têm de ser processados e punidos. Ademais, não sei por que tanta euforia dos petralhas. Qualquer jornalista que cubra Brasília sabe que o governo federal está muito mais interessado em salvar Walfrido do que os tucanos em salvar Azeredo.
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), defendeu nesta segunda-feira, 24, de forma veemente, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), ao comentar a denúncia que o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, está finalizando para apresentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o mensalão mineiro.
"Não tenho nenhuma informação extra, mas, desde logo, não vi nenhum envolvimento do governador Aécio Neves (neste caso)", disse o governador ao ser questionado. A PF apontou o valerioduto mineiro como embrião do escândalo do mensalão durante o primeiro mandato do governo do presidente Luiz Inácio da Silva. O esquema de caixa 2 teria movimentado R$ 100 milhões, alimentado com recursos públicos e privados.
A apreensão no governo e entre os tucanos é quanto à possível denúncia contra o atual ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia e Eduardo Azeredo, atualmente senador. Azeredo nega participação no esquema e já isentou o ministro, afirmando que ele não foi o coordenador da campanha em 1998. Ainda na defesa de Aécio, o governador de São Paulo disse que o aparecimento de um papel que diz que Aécio teria recebido recursos como candidato a deputado na campanha de 1998 "não é prova de absolutamente nada" e reiterou: "Não creio que ele tenha algum tipo de envolvimento neste assunto."
Ao contrário da defesa enfática que fez do colega mineiro, José Serra foi mais cauteloso ao comentar sobre o eventual envolvimento do senador tucano Eduardo Azeredo (MG), que está sendo apontado como um dos focos da denúncia que será apresentada ao STF.
"Estamos aguardando o que o procurador (Antonio Fernando Souza) vai dizer para em seguida comentar." Indagado sobre a posição de seu partido neste caso, disse apenas: "A posição do partido é esperar que o procurador apresente sua conclusão para, a partir daí, avaliar."
Voltei
Já escrevi isto e reitero: o nome de Aécio Neves nem mesmo é citado daquele tal relatório da Polícia Federal. Ele aparece numa lista de mais de uma centena de candidatos, mais petistas do que tucanos, diga-se, que teriam recebido recursos da coordenação da campanha de Azeredo. Alguma evidência de que fosse necessariamente dinheiro ilegal? Não! Não há, salvo informação de que só o procurador disponha, como implicar o governador de Minas.
Compreende-se que Serra seja cauteloso ao se referir a Azeredo, mas aí o caso é realmente diferente. O senador mineiro é defensável tanto quanto Lula é defensável no caso do mensalão federal: os dois eram os beneficiários dos respectivos esquemas e alegam que nada sabiam. Dá para sustentar essa posição? Eu acho que não. Mas que se note: se o procurador-geral não citou Lula em sua denúncia, terá de explicar as razões caso venha a citar Azeredo. Terá de dizer o que há de diferente. A exemplo do petista, não há evidência material de que ele operasse o esquema ou de que dele tivesse conhecimento. O que há é a óbvia desconfiança, que vale para ele e para Lula, de que operações gigantescas como aquelas fossem feitas ao arrepio dos comandantes.
Expressei uma opinião muito clara sobre esse terma na quarta-feira, dia 19 de setembro, num post intitulado “O mensalão de Minas – Igual, mas diferente”, conforme segue:
A canalha não sai daqui, não é? O que é que vou fazer? Não é falta de chute. A última moda da turma, agora, é enviar comentários que sabe que serão rejeitados. Aí, os cretinos enviam o texto para os blogs e sites dos seus amigos, incluindo os dos anões, com uma observação: “Comentário censurado por Reinaldo Azevedo”. Eu, hein! Não é só esquerdopatia. É psicopatia também. Mas vá lá. Este post quer tratar de outra coisa. A súcia veio em revoada: “Não vai falar nada do mensalão de Minas?” Publiquei um post a respeito no dia 16 e três no dia 17, incluindo o link do relatório da Polícia Federal. Também publiquei os valores que teriam sido repassados a cada um dos partidos. Vejam lá.
Qual é a notícia desta quarta e que deve estar hoje nos jornais? Nada além do que publiquei aqui na segunda. O procurador-geral da República analisa as provas e deve apresentar, nas próximas semanas, denúncia contra os suspeitos. Eduardo Azeredo, atual senador (PSDB-MG) e candidato à reeleição ao governo em 1998, e Walfrido dos Mares Guia, hoje ministro das Relações Institucionais, devem ser estrelas da denúncia.
Li a acusação da PF (íntegra aqui). A ser como está lá, tudo o que se viu no mensalão do PT — MENOS UMA COISA — se fez também em Minas: caixa dois, falsos empréstimos, uso irregular de dinheiro de estatais, farta distribuição de recursos, empresas de fachada. O que é diferente? Em Minas, o esquema teria sido, de fato, eleitoral — vale dizer: caixa de campanha. E ninguém ficou de fora: PSDB, PFL, PT... Sim, o PT também. O total de recursos repassado aos candidatos a deputado federal do partido, segundo a PF, é superior ao que foi repassado aos do próprio PSDB. Segundo a acusação, Mares Guia, então vice de Azeredo e candidato à Câmara Federal, era o organizador do esquema. Marcos Valério, o seu operador. No caso do mensalão federal, a eleição já tinha acontecido. Ainda que se possa dizer que uma parcela dos recursos foi destinada a pagar dívidas de campanha, há evidências — e isso está na acusação do procurador-geral, acatada pelo Supremo — de que a dinheirama comprava apoio no Congresso.
Sendo verdade o que diz a PF, é grave o que aconteceu em Minas? É. Mas se trata rigorosamente da mesma coisa que fez o PT? Não. Há mais: força-se a mão para envolver Aécio Neves no escândalo. Ele aparece como tendo recebido R$ 110 mil para a sua campanha a deputado federal. Mas, nota o próprio documento da Polícia, nem todo dinheiro repassado aos candidatos era ilegal.
Azeredo e Mares Guia
O ex-governador e o ministro falaram ao Jornal Nacional: “Nunca houve mensalão em Minas Gerais. Nunca houve pagamento a deputados para que eles votassem de acordo com o interesse do governo. Eu não fui o responsável pelas questões financeiras da campanha de 98, todos que participaram da campanha sabem muito bem disso”. É uma fala cuidadosamente orientada por advogados. O ponto central está aqui: “Nunca houve pagamento a deputados para que votassem de acordo com o interesse do governo”. E, com efeito, disso não há evidências. Mas que se note: as outras irregularidades, ele não nega. Limita-se, bom aluno de Lula, a dizer que não sabia de nada.
Vejam só: com efeito, Azeredo está nessa história como Lula está na outra. Embora Lula fosse o principal beneficiário do mensalão federal, ele não sabia de nada. Embora Azeredo fosse o principal beneficiário do esquema mineiro (só não foi porque perdeu), ele também não sabia de nada. Acho, por isso, que ele deve ser poupado? Eu não. Acho é que Lula também tem de ser processado. Entenderam o meu ponto?
O agora ministro de Lula, por sua vez, também nega tudo. Ele se encontrou com o procurador geral para, “através de documentos formais, inclusive com auditoria feita por empresas de caráter internacional, demonstrar com simplicidade, clareza e objetividade que tudo o que foi feito tinha razão de ser feito, tinha fundos documentados, registrados na contabilidade e com isso esclarecerei definitivamente estas questões”. Rejeita ainda que fosse ele o coordenador da campanha. E contesta — notem que com mais ênfase do que Azeredo — que tenha havido qualquer ilegalidade.
Protegendo?
A “canalha” diz que estou protegendo esse ou aquele. Qualquer um que me acompanha sabe — o Google está aí para provar — que considero Azeredo um dos fatores que colaboraram com a recuperação do prestígio eleitoral de Lula no fim de 2005, quando chegou bem perto de beijar a lona. Defendi a sua renúncia com todas as letras. E também, então, a de Roberto Brant (PFL-MG). Recentemente, bati no senador duramente por causa de seu projeto para a Internet, que considero equivocado, censor e burocratizante. Não tenho, pois, qualquer simpatia especial por seu passado ou por seu presente.
Não! Não vou dizer que o “mensalão começou em Minas”. Porque o “mensalão” foi um esquema montado para comprar o Congresso. Não, não vou dizer que o PT só imitou os tucanos — porque o PT já imitava a si mesmo, dado que foi um dos beneficiários também do esquema mineiro. Mas que se considere: a ser verdade o sustenta a PF, uma quadrilha também foi montada em Minas. E, se foi, seus responsáveis têm de ser processados e punidos. Ademais, não sei por que tanta euforia dos petralhas. Qualquer jornalista que cubra Brasília sabe que o governo federal está muito mais interessado em salvar Walfrido do que os tucanos em salvar Azeredo.