Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 29, 2007

RUY CASTRO Lobbies que venceram



RIO DE JANEIRO - O Brasil tem hoje dois lobbies implacáveis: o antitabagista e o pró-maconha. O lobby antitabagista já venceu. Embora o cigarro comercial esteja banido de 99% dos lugares fechados, a simples visão de um cinzeiro num pátio a céu aberto basta para provocar um surto de pigarros e espasmos de indignação. Tenta-se agora expurgar o cigarro também das ruas. Para isso, reduziu-se o fumante a um cidadão de 5ª -mesmo na esquina, fumando à espera de o sinal abrir, ele se sente olhado com intensa hostilidade. E, claro, ninguém mais ousa defender o cigarro por escrito.
O lobby pró-maconha está quase lá. Desde que conseguiu generalizar a crença de que maconha "não faz mal" ou faz "menos mal" que um Marlboro comum, ninguém o segura. Os jornais acolhem artigos de colaboradores que usam tal argumento na defesa da sua legalização irrestrita. E os diletantes se encarregam de difundir essa idéia, alheios à opinião médica segundo a qual um baseado equivale a um maço de cigarros industriais, só que com o dobro de substâncias tóxicas, agravadas pelo calor altamente cancerígeno da guimba que se fuma até o último milímetro.
Pensando bem, para que legalizar a maconha? Já não está informalmente legalizada? No Rio, pode ser fumada na praia, no Maracanã, nos shows em ginásios, nos bailes funk, nas festas rave. Ninguém torce o nariz ao seu fedor, digo, redor, para não passar por careta.
Resta ver se, oficializada, ela conservará seus privilégios. Se a maconha se fuma do mesmo jeito que os cigarros normais e empesteia igualmente o ambiente -na verdade, mais-, imagino que, na lei, ela estará sujeita à mesma hostilidade dirigida hoje aos usuários do roliúde. Talvez os restaurantes devessem reservar uma área especial para quem queira queimar um jereré.

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