Já existe ajuda para quem teme estar
com a reputação manchada na internet
Andrew Uloza |
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A internet criou um efeito colateral indesejado ao incluir em seu mar de informações úteis outras nem tanto, como fotos e revelações íntimas das pessoas. Isso não é um problema quando se trata daquele prêmio de funcionário do ano, mas começa a tornar-se inconveniente quando o que se revela é, por exemplo, a foto – não tão gloriosa assim – da folia no último Carnaval. Para sorte dos que tiveram alguns de seus maus momentos expostos na rede, há um alívio. Já existem empresas especializadas em promover uma espécie de faxina virtual. Elas monitoram o que é publicado sobre seus clientes e filtram as citações indesejadas. Com sede nos Estados Unidos, elas atendem pela internet – inclusive em português. Pode-se contratá-las sem sair de casa. A lista de serviços inclui desde coisas simples, como criar um perfil profissional lustroso e colocá-lo em destaque num site de busca, até uma limpeza mais profunda nas referências negativas. Tudo pela manutenção da boa reputação.
As empresas não gostam de revelar suas estratégias para polir biografias. Mas algumas são óbvias, como publicar uma enxurrada de textos com conteúdo positivo. O objetivo é levar comentários inconvenientes para além da terceira página do site de busca. Pouquíssimos internautas chegam até lá. É claro que manipular a ordem do que aparece na tela não é assim tão simples. O Google usa centenas de critérios para definir seus resultados. Mas interferir neles é bastante possível. "Um dos segredos é escrever a biografia da pessoa de muitas maneiras", diz o americano Tom Drugan, um dos criadores da Naymz, empresa que já tem 25.000 assinantes interessados em monitorar o que é dito sobre eles na rede. A companhia americana ReputationDefender oferece um serviço mais completo. Faz gestões nos sites para retirar os conteúdos negativos. Se o site em questão não concorda em retirar o material, promove causas judiciais.
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A equipe da Naymz: mais de 25 000 assinantes ao redor do planeta |
O preço de um serviço de faxina virtual varia conforme a complexidade. Pode ser gratuito, no caso da criação apenas de um perfil profissional. Fazem-se monitoramentos mensais, por 30 reais. Para limpezas mais complexas, o valor começa em 10 000 reais, mas não há limite naqueles casos em que já não se consegue contabilizar as ofensas que se encontram na rede. Embora a oferta de serviços de limpeza virtual seja uma novidade, não é de hoje que empresas e governos recorrem a esse expediente. Isso ficou claro com o lançamento do WikiScanner, programa que permite identificar de quais computadores foram feitas edições anônimas na Wikipédia (veja o quadro). De um computador do Departamento de Segurança Interna do Estados Unidos, por exemplo, quatro parágrafos que descreviam problemas de George W. Bush com o álcool foram simplesmente apagados. Alguém na sede da gigante petrolífera ExxonMobil também decidiu promover alterações. Editou o trecho que descrevia os efeitos ambientais do acidente ocorrido, em 1989, com seu navio Exxon Valdez, um dos maiores desastres ecológicos da história.
Com a popularização dos blogs, controlar o que se escreve sobre alguém na internet tornou-se ainda mais difícil. São mais de 70 milhões espalhados pela rede e cerca de 1,5 milhão de comentários publicados todos os dias. À frente de uma organização que orienta pais de adolescentes problemáticos, a americana Sue Scheff sofreu, durante dois anos, ataques em blogs e fóruns de discussão, disparados por uma cliente insatisfeita. "Diziam que eu era uma fraude, que seqüestrava e destruía famílias", conta. Ela perdeu clientes e teve de fechar seu escritório. Ganhou na Justiça o direito a uma indenização de 11,3 milhões de dólares da tal cliente. Mas os textos ofensivos continuavam lá. Buscou, então, os serviços do ReputationDefender. Sue agora paga por um monitoramento constante, para evitar que novas referências negativas circulem pela rede. É tranqüilizador, mas interessados nesse tipo de serviço devem conter suas expectativas. Há um limite para polir a imagem na vastidão em que a internet se transformou. Há casos, em especial aqueles de corrupção crônica, em que as manchas são indeléveis. Nem adianta tentar.
Com reportagem de Renata Agostini
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