Entrevista:O Estado inteligente

sábado, setembro 29, 2007

Renan manda e o PMDB derrota o governo

Garras de fora

Renan Calheiros ameaça rebelião contra
o governo se os petistas deixarem de apoiá-lo


Otávio Cabral

Alan Marques/Folha Imagem
Bruno Lins, testemunha que envolveu Calheiros com cobrança de propina, é agredido em Brasília

O senador Renan Calheiros mostrou na semana passada que sua debilidade política não o impede de constranger o governo dentro de seus domínios, o baixo clero do Senado. Desde que foi absolvido da acusação de quebra do decoro parlamentar por usar os serviços de um lobista para pagar suas despesas pessoais, Renan enfrenta pressões dos mesmos petistas que lhe salvaram a pele para deixar a presidência. A disputa promete fortes emoções – se se repetir o que aconteceu na última quarta-feira. Para estancar o desgaste produzido com o movimento da oposição que paralisou todas as votações como forma de protesto contra sua permanência no comando, Renan Calheiros aceitou uma trégua. Em troca da desobstrução dos trabalhos, seus aliados concordaram em acabar com as sessões secretas no plenário. O principal prejudicado com a decisão, como se sabe, é o próprio Renan, que ainda enfrenta três processos por quebra do decoro no Conselho de Ética. Ao perceber que a pressão dos aliados petistas surtira efeito, a tropa de Renan imediatamente retaliou, rejeitando a medida provisória que criava a Secretaria de Longo Prazo, impondo uma derrota ao governo. Foi um aviso de Renan Calheiros e seus aliados sobre o que pode vir a acontecer se ele se sentir abandonado pelos petistas.

Marcell Casal Jr/ABR
Calheiros: acuado, ele quer os petistas a seu lado


Renan Calheiros está preocupado com o futuro. Ele ainda é acusado de fazer lobby para uma cervejaria, de comprar emissoras de rádio usando laranjas e de liderar um esquema de cobrança de propinas, segundo o advogado Bruno Lins, que foi agredido em uma boate na semana passada. O blefe de Renan Calheiros, num primeiro momento, surtiu o efeito desejado. O governo, que depende dos votos dos aliados do senador para aprovar a CPMF, determinou aos petistas que, ao menos em público, parassem de cobrar a saída de Renan da presidência. Nos bastidores, há enviados do governo tentando sensibilizar parte da tropa rebelada dos peemedebistas ligados a Renan com oferendas, como cargos e verbas federais. Se der certo, o poder que Renan Calheiros ainda tem se limitará ao arsenal de informações comprometedoras que ele diz possuir contra parlamentares e políticos do governo. Dependendo de seu poder de fogo, seria a última tábua de salvação do senador.

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