Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, outubro 20, 2006

Acusações de ligação do PT com o jogo vêm de campanha de Olívio, em 1999


Roldão Arruda
O Estado de S. Paulo
20/10/2006

Suspeitas e acusações envolvendo o PT e o jogo - legalizado ou não -, como ocorre agora no escândalo do dossiê Vedoin, não constituem novidade na história do partido. A primeira grande denúncia de corrupção envolvendo integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no início de 2004, teve como base uma fita de vídeo em que o então subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz, aparecia pedindo doações de campanha e propinas ao empresário de jogos de bingo Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, do Rio.

Waldomiro trabalhava havia 12 anos com o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, o homem forte do governo petista, e parecia operar em escala nacional. Soube-se que parte do dinheiro do jogo tinha sido destinada aos cofres da campanha derrotada do petista Geraldo Magela, quando ele concorreu ao governo do Distrito Federal, em 2002. No mesmo ano, à frente da Loteria do Estado do Rio de Janeiro (Loterj), Waldomiro também teria negociado com a contravenção contribuições para as campanhas de Benedita da Silva (PT) e Rosinha Matheus (PMDB).

Essa não foi, no entanto, a primeira bomba política que associou PT e contravenção. Quando o caso Waldomiro explodiu, o PT ainda tentava se recuperar dos danos causados por um escândalo semelhante ocorrido no Rio Grande do Sul - Estado que até então funcionava como vitrine do estilo petista de governar.

Em 1999, um ex-tesoureiro do partido disse a jornalistas que parte do dinheiro da campanha do ano anterior para o governo estadual, quando o petista Olívio Dutra foi o vencedor, tinha vindo do jogo do bicho. Em 2001, a CPI da Segurança instalada na Assembléia, investigou o caso e acabou sugerindo o indiciamento de Olívio e mais de 41 pessoas. Além das denúncias de irregularidades na arrecadação de fundos, pesou na decisão uma gravação na qual o petista Diógenes de Oliveira, então presidente do Clube de Seguros da Cidadania, aparecia pedindo ao chefe de Polícia de Porto Alegre que amenizasse a repressão aos bicheiros.

No rastro da CPI, o Ministério Público denunciou dez pessoas à Justiça. Ninguém foi condenado. Mas o estrago político foi enorme. Fragilizado pelas denúncias, Olívio nem tentou a reeleição em 2002.

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