Poucas horas depois de um grupo de militantes do PT agredir jornalistas diante do Palácio da Alvorada, o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, criticou a imprensa, pedindo uma "auto-reflexão" dos jornalistas sobre a cobertura da campanha. Garcia criticou a agressão aos repórteres e defendeu a liberdade de imprensa, mas afirmou que a mídia deveria "ser avaliada".
Garcia mostrou irritação ao ser questionado sobre o escândalo do "valerioduto" - mesmo admitindo os crimes de seu partido, ao reconhecer que houve esquema irregular de financiamento de campanha, disse que "não houve" mensalão, e que a imprensa precisa dizer isso à população. "Não há nenhuma evidência, e essa é uma das dívidas que parte da imprensa tem com a opinião pública."
Ao falar sobre a cobertura eleitoral, Garcia disse que "a imprensa deve ser avaliada sobre seu desempenho. Caberá em primeiro lugar aos jornalistas fazerem uma auto-reflexão sobre o papel que eles tiveram na campanha eleitoral". O presidente do PT diz que parte da imprensa tem opinião semelhante, mas garantiu que a "autocrítica" vai ser espontânea. "Não é tarefa do governo."
Agressões - Na segunda, militantes petistas reunidos para receber o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizeram coros contra a imprensa - como a principal revista do país, VEJA, a TV de maior audiência, Rede Globo, e o jornal de maior tiragem, Folha de S. Paulo - e agrediram repórteres que acompanhavam o evento. "Vamos fechar todos os jornais", gritava um dos militantes.
Na chegada de Lula, uma militante bateu com uma bandeira na cabeça de um repórter. Outro jornalista foi cercado. Funcionários da TV Globo tiveram de se trancar em um caminhão da emissora. Garcia disse que o PT condena agressões a jornalistas. "Nós não compartilharemos de forma nenhuma com essas práticas. Muitas vezes nós divergimos com a imprensa, mas não negamos seu papel."