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De setembro de 2003 até hoje publiquei centenas (muitas centenas, talvez mais de um milhar) de artigos. Espero ter ajudado - não a alertar tucanos para o desastre (pois que isso revelou-se inútil: eles não ouvem muita coisa além de seus próprios interesses, com algumas exceções, é claro) - mas, pelo menos, a chamar a atenção de outros analistas sobre os perigos para o processo de democratização da sociedade brasileira contidos no lulopetismo. Acho que minha função agora é outra.
Agora se trata, prioritariamente, de investir na formação democrática de novos atores políticos capazes de resistir e de propor alternativas.
Sobre o que aconteceu, digo apenas mais algumas palavras: era previsível. Os que têm a política como negócio ou como carreira funcional não estão preparados para enfrentar os que fazem negócios para fortalecer um projeto coletivo de poder. Lula continua no poder, apesar de tudo o que aconteceu - e ele sabe disso! - somente porque temos as oposições que temos. Ele jogou com elas durante todo o tempo. E foi vitorioso. Ponto.
Por outro lado, ainda não existe na sociedade brasileira uma cultura democrática capaz de se traduzir como força política. Os intelectuais de esquerda, por exemplo, mesmo os que saíram do PT criticando duramente o partido, votaram e fizeram campanha por Lula no segundo turno. Quando questionados sobre a corrupção havida no primeiro mandato, simplesmente encararam os escândalos como coisas laterais, próprias da velha política brasileira. Não entenderam ou não quiseram entender que agora estamos diante de um novo fenômeno - que falsifica na essência a democracia - que pouco tem a ver com a corrupção tradicional. Isso significa que mesmo esses não têm clareza sobre o valor estratégico da democracia.
Universidades, corporações, ONGs... em todos esses lugares Lula venceu. Os raros militantes que fizeram oposição ativa à Lula na base da sociedade não tinham poder de convencimento porquanto não tinham argumentos suficientes nem mesmo para debater as questões. Ora, isso significa que não há um movimento intelectual contrário às idéias e teorias que dão sustentação ao estatismo corporativista e ao neopulismo lulista.
É incrível, mas a derrocada dos velhos coronéis da política clientelista brasileira explica, pelo menos em parte, a vitória do lulopetismo. Não porque o PT tenha derrotado essas forças do atraso e sim, exatamente, pela razão oposta. Quero dizer o seguinte: o lulopetismo simplesmente ocupou o lugar do velho coronelismo clientelista. O papel modernizante do PSDB e do PFL (paradoxalmente e a Bahia é o caso típico) enfraqueceu as bases do poder que historicamente impedia a vitória do estatatismo-corporativista e neopopulista dito de esquerda. Uma evidência: o PT saiu dos grandes centros (onde sempre foi forte) e ocupou os grotões (onde sempre foi fraco). O PSDB venceu nos lugares mais politizados, nas grandes cidades, na classe média informada, nos formadores de opinião - com exceção, é claro, daquelas regiões onde um coronelismo de esquerda era expressivo (como no Recife) ou em lugares onde os próprios líderes do PSDB fizeram conscientemente o jogo do adversário, traindo seu projeto (como em Minas).
Lula, na verdade, sempre foi um coronel, um projeto de caudilho, um aspirante à condutor de rebanhos. Agora, aliado a Jader, a Sarney e a outros oligarcas da velha política coronelista, encontrou finalmente o lugar a partir do qual poderá desenvolver todo o seu potencial.
Entrevista:O Estado inteligente
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