O Estado de S. Paulo |
26/10/2006 |
Muitos leitores enviam e-mails protestando contra o clima de "rendição" aos números das pesquisas. Reclamam que as análises do cenário político só levam em conta a vitória do presidente Luiz Inácio da Silva no domingo. Virgínia Santiago resume, em duas frases, esse sentimento: "Não posso concordar com a cantiga de vitória antes do último ato. Só acredito no voto depositado nas urnas." Faz bem, a Virgínia. A obsessão pelas pesquisas não raro induz ao erro, favorece a manipulação de vontades, desmobiliza convicções e cria um ambiente de menosprezo ao que vale realmente. Como ela diz, "o voto depositado nas urnas". Ocorre, entretanto, que a aceitação da reeleição do presidente Luiz Inácio da Silva como fato praticamente consumado não resulta apenas da vantagem expressa em números: 22 pontos porcentuais de frente. Decorre, pelo menos no que concerne a este espaço, principalmente da atitude da oposição, em tese a maior interessada em manter acesa a chama da esperança de que a metodologia da amostragem seja falha ou esteja deformada - como de resto suspeitam vários dos que escrevem. Seu candidato, o ex-governador Geraldo Alckmin, quase fala sozinho a respeito de vitória. Expressa certeza e divulga, em tiragem e circulação restritas, alguns números segundo ele "mais realistas", para serem conferidos após a eleição. Por exemplo: há uma semana, quando os institutos indicavam 19 pontos de diferença, as pesquisas internas de rastreamento apontavam vantagem de 5 pontos para Lula. Fora ele, no PSDB e no PFL ninguém mais diz palavra sobre o assunto e o "se" posto em qualquer raciocínio para conferir tratamento de hipótese ao resultado é dito em toada de honra da firma. Nos últimos dias, o governo abandonou os cuidados com o salto alto que tantos constrangimentos causou ao PT no primeiro turno, e já começou a falar sobre a montagem do governo. O ministro Tarso Genro marcou data para o início da arquitetura do segundo mandato: 24, no máximo 48 horas após as eleições. Conversa de campanha, para criar um clima? Pode ser, mas por que a oposição não conversa com o País no mesmo tom? Entre os aliados de Alckmin não se vê alma viva dedicada ao tema nem se ouve ao redor dele aquele farfalhar fisiológico típico de quem tem o nariz treinado para detectar de que lado sopra o vento do poder. Essa excitação é perfeitamente audível no PMDB em relação a Lula. Tivesse o tucano chance real de vitória, os inconformados leitores tenham certeza, os altivos e valorosos rapazes do PMDB já estariam discutindo com ele todos os detalhes da "governabilidade". No PSDB e no PFL, ao contrário, todo o debate é em torno do feitio de oposição a ser adotado nos próximos quatro anos. Ora, se alguém disputa uma eleição e, dias antes, só faz discutir qual a melhor forma de se opor ao adversário, convenhamos, esse alguém considera qualquer coisa menos a possibilidade de vitória. Em situação de mais igualdade, natural seria que o PT estivesse também engendrando a maneira mais eficiente de se opor ao governo de Geraldo Alckmin, e não está. Sempre se poderá argumentar que não contava com a ocorrência de um segundo turno e que, na primeira etapa, Lula também discursava como eleito. Não nos últimos dias. Quando foi se desenhando um cenário menos favorável, o governo pôs um pé no freio, as pesquisas registraram mudanças - ou se adaptaram a elas, como queiram - e, vimos pela reação imediata, tratou de "bolar" um plano B. Baseado em maquiagens e invencionices, mas eficaz. Tão eficaz que conseguiu abalar o moral da tropa oposicionista e conter a maré da onda Alckmin. Mas não custa raciocinar sobre a hipótese de os queixosos leitores terem razão e as urnas revelarem o inesperado. Aí, será preciso não apenas um questionamento sério sobre os métodos dos institutos de pesquisa, mas uma investigação acurada nos meios e modos da oposição. Começa assim O PMDB marcou reunião logo após as eleições para discutir o apoio ao governo. Segundo o presidente do partido, Michel Temer, a conversa visa a construir unidade "seja para um lado, seja para o outro". Como o apoio a Lula é questão vencida, a única coisa que resta ao PMDB discutir são as formas de cooptação da ala oposicionista, hoje cada vez mais governista. De acordo com o convertido Geddel Vieira Lima, apenas 20% do partido estão refratários ao "diálogo". Vale dizer, à oferta de cargos. A mentira Sérgio Pannunzio, um dos advogados de Abel Pereira, o empresário acusado de fazer negócios com a máfia das ambulâncias no governo anterior, escreve para contestar nota a respeito da versão apresentada por seu cliente segundo a qual Luiz Antônio Vedoin tentou lhe vender um dossiê contra Aloizio Mercadante. Diz o advogado: "Abel Pereira não mente. Restringe-se às provas existentes no inquérito. Mentir perante o Judiciário é crime. E segundo os documentos existentes no inquérito, Abel não mentiu." |
Entrevista:O Estado inteligente
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quinta-feira, outubro 26, 2006
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