SÃO PAULO - "Ninguém neste país tem mais autoridade moral e ética do que nosso partido. Admitimos que tem gente igual a nós, mas não admitimos que tenha melhor." Assim bradou o presidente no 3º Congresso do PT. Nas circunstâncias da política nacional, a tirada sugere um desafio para saber quem é menos ladrão. Faz sentido? Talvez como sintoma dos tempos cínicos que vivemos. Não é o caso de levar muito a sério isso que mais parece uma gincana do Ali Babá.
Lula falou para o público interno. Na semana em que o STF sinalizou numa direção, acolhendo a denúncia contra os 40 do mensalão, o grande líder orientou a tropa na direção oposta: nenhum petista, disse, "deve ter vergonha de defender um companheiro". A solidariedade política aos réus avaliza mais uma vez os crimes -chamados eufemisticamente de "erros"- do partido. E reforça a confusão entre camaradagem e práticas mafiosas, traço marcante deste partido no poder.
Passando a mão na cabeça dos mensaleiros, Lula age como o pai que mima o filho que delinqüiu. Mas é vivo o bastante para dizer: "Tem um processo e somente esses companheiros -nem eu nem vocês- sabem o que aconteceu". O pai compreensivo ignorava tudo e por isso pode ser benevolente: erraram, irão pagar, devemos apoiá-los -eis a farsa retórica pela qual Lula agrada ao PT e engrandece a si mesmo.
O PT diz que o mensalão não existiu, mas continua acreditando no socialismo. Conforme chancelou o congresso, o partido agora se compromete a lutar pelo "socialismo democrático e sustentável". Seria um contraponto ao "socialismo não-democrático e insustentável"? Que perda de tempo, quanta empulhação, quanta bobagem junta.
A inclusão do jargão ecológico e liberal -"sustentável"- para especificar o socialismo petista é a piada involuntária do encontro.
Lula está há muito tempo em outra. O jogo real do poder passa por outros canais e interlocutores. O PT hoje é um acessório, a quem ele fez sua homenagem e concessão.
Entrevista:O Estado inteligente
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segunda-feira, setembro 03, 2007
Lulismo sustentável
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