Muitos leitores se perguntam por que Lula está sendo reeleito, mesmo com toda a óbvia roubalheira havida nestes quatro anos. É claro que há razões de ordem econômica — ou paraeconômica. Lula transformou o assistencialismo em máquina eleitoreira. Mas não é só isso. Conta também com prosélitos na classe média, os chamados intelectuais. Dois artigos na Folha de hoje dão conta da delinqüência intelectual que toma conta do debate. Um deles é de Carlos Heitor Cony, de que falo primeiro.
Escreve o homem na página 2: “A questão das privatizações voltou ao debate político, trazida pelo PT, que encontrou em seu adversário eleitoral, o candidato Geraldo Alckmin, um único pecado realmente grave: é do PSDB, partido que no governo desastrado de FHC privatizou empresas e só não vendeu o Pão de Açúcar porque não encontrou comprador. Em principio, não sou contra as privatizações, algumas delas eram necessárias e trouxeram benefícios à economia nacional. Contudo, o processo que presidiu as privatizações foi um escândalo dos maiores de nossa história. Os intermediários, corretores, conselheiros e economistas ganharam fortunas vendendo na bacia da almas alguns nacos do patrimônio nacional.”
Cony tinha uma cadela sobre a qual costumava escrever textos líricos. Infelizmente, a bichinha morreu. Fazendo crônicas para agradar velhinhas de pet shop, ele era bem mais divertido. Chato é que lhe dêem um espaço nobre no jornal — a nobreza possível hoje em dia — para exercer a sua ignorância ligeira. O gracejo sobre o Pão de Açúcar é uma pilantragem intelectual. Isso é que ganhar dinheiro fácil (arte em que Cony é mestre) com imagem vagabunda!
Ah, mas ele não quer parecer um velhinho atrasado! Isso nunca! Não é contra as privatizações — “em princípio”, é claro. Segundo diz, “algumas” (não fala quais) eram necessárias, mas depois fala de escândalos e da venda do patrimônio público “na bacia das almas”. É mentira que as estatais brasileiras tenham sido vendidas a preço baixo. As empresas do sistema Telebrás valiam em bolsa, algum tempo depois, muito menos do que o valor pelo qual foram privatizadas. Ignora-se que, à esteira da privatização, houve investimentos de mais de R$ 100 bilhões, o que não teria acontecido se fossem estatais.
Mas é daí? A especialidade de Cony é fazer prosopopéia sobre cadelinhas. Só escreve sobre privatizações quando está sem assunto e ninguém fez xixi no tapete. Depois Cony se mete a falar de forma desastrada sobre o tamanho da dívida pública, confundindo tudo, com se a venda das estatais é que tivesse sido responsável pelo seu aumento. O raciocínio idiota, dele e de outros que pensam como ele, consiste em supor que o único objetivo da privatização era pagar a dívida. Esse era um efeito secundário. Precisávamos das privatizações para ter investimento. Acho que Cony não adotou nenhuma cadela nova. Cabeça desocupada é a morada do capeta.
Outra coisa: indecente é receber a indenização mensal que ele recebe — próxima de R$ 20 mil, se é que já não foi corrigida — por ter sido uma suposta vítima da ditadura. E não foi só, não, leitor amigo: ele levou ainda R$ 1,5 milhão numa bolada só. Por quê? Ah, porque sua carreira de jornalista teria sido interrompida pelo golpe militar. O jornal em que ele trabalhava não existe mais. Ele foi premiado como se, sem o movimento militar, pudesse ter atingido o topo da carreira: diretor de redação, suponho — duvido que os herdeiros do dono do jornal estejam tão ricos quanto ele. Ah, coitadinho! Cony foi demitido e ficou na rua da amargura, é isso? Que nada! Virou homem forte de Adolfo Bloch, no grupo Manchete, então muito forte, e jamais teve problema para comprar papa fina para suas cadelas. Escrevia crônicas lindas sobre o mármore rosa de sua sala...
referindo-se a casos como o seu, o ministro Gilmar Mendes, do STF, observou que se trata de uma "verdadeira distorção ou patologia, que muito se aproxima de um estelionato". É o que eu também acho. Cony deveria doar a dinheirama do “patrimônio público” aos desdentados e voltar a enganar velhinhas de pet shop com texto sobre cadelinhas amorosas.
Ah, sim: os que não gostarem deste texto tenham a bondade de enviar e-mails de solidariedade pra ele em vez de e-mails de protesto pra mim.
Escreve o homem na página 2: “A questão das privatizações voltou ao debate político, trazida pelo PT, que encontrou em seu adversário eleitoral, o candidato Geraldo Alckmin, um único pecado realmente grave: é do PSDB, partido que no governo desastrado de FHC privatizou empresas e só não vendeu o Pão de Açúcar porque não encontrou comprador. Em principio, não sou contra as privatizações, algumas delas eram necessárias e trouxeram benefícios à economia nacional. Contudo, o processo que presidiu as privatizações foi um escândalo dos maiores de nossa história. Os intermediários, corretores, conselheiros e economistas ganharam fortunas vendendo na bacia da almas alguns nacos do patrimônio nacional.”
Cony tinha uma cadela sobre a qual costumava escrever textos líricos. Infelizmente, a bichinha morreu. Fazendo crônicas para agradar velhinhas de pet shop, ele era bem mais divertido. Chato é que lhe dêem um espaço nobre no jornal — a nobreza possível hoje em dia — para exercer a sua ignorância ligeira. O gracejo sobre o Pão de Açúcar é uma pilantragem intelectual. Isso é que ganhar dinheiro fácil (arte em que Cony é mestre) com imagem vagabunda!
Ah, mas ele não quer parecer um velhinho atrasado! Isso nunca! Não é contra as privatizações — “em princípio”, é claro. Segundo diz, “algumas” (não fala quais) eram necessárias, mas depois fala de escândalos e da venda do patrimônio público “na bacia das almas”. É mentira que as estatais brasileiras tenham sido vendidas a preço baixo. As empresas do sistema Telebrás valiam em bolsa, algum tempo depois, muito menos do que o valor pelo qual foram privatizadas. Ignora-se que, à esteira da privatização, houve investimentos de mais de R$ 100 bilhões, o que não teria acontecido se fossem estatais.
Mas é daí? A especialidade de Cony é fazer prosopopéia sobre cadelinhas. Só escreve sobre privatizações quando está sem assunto e ninguém fez xixi no tapete. Depois Cony se mete a falar de forma desastrada sobre o tamanho da dívida pública, confundindo tudo, com se a venda das estatais é que tivesse sido responsável pelo seu aumento. O raciocínio idiota, dele e de outros que pensam como ele, consiste em supor que o único objetivo da privatização era pagar a dívida. Esse era um efeito secundário. Precisávamos das privatizações para ter investimento. Acho que Cony não adotou nenhuma cadela nova. Cabeça desocupada é a morada do capeta.
Outra coisa: indecente é receber a indenização mensal que ele recebe — próxima de R$ 20 mil, se é que já não foi corrigida — por ter sido uma suposta vítima da ditadura. E não foi só, não, leitor amigo: ele levou ainda R$ 1,5 milhão numa bolada só. Por quê? Ah, porque sua carreira de jornalista teria sido interrompida pelo golpe militar. O jornal em que ele trabalhava não existe mais. Ele foi premiado como se, sem o movimento militar, pudesse ter atingido o topo da carreira: diretor de redação, suponho — duvido que os herdeiros do dono do jornal estejam tão ricos quanto ele. Ah, coitadinho! Cony foi demitido e ficou na rua da amargura, é isso? Que nada! Virou homem forte de Adolfo Bloch, no grupo Manchete, então muito forte, e jamais teve problema para comprar papa fina para suas cadelas. Escrevia crônicas lindas sobre o mármore rosa de sua sala...
referindo-se a casos como o seu, o ministro Gilmar Mendes, do STF, observou que se trata de uma "verdadeira distorção ou patologia, que muito se aproxima de um estelionato". É o que eu também acho. Cony deveria doar a dinheirama do “patrimônio público” aos desdentados e voltar a enganar velhinhas de pet shop com texto sobre cadelinhas amorosas.
Ah, sim: os que não gostarem deste texto tenham a bondade de enviar e-mails de solidariedade pra ele em vez de e-mails de protesto pra mim.