O Estado de S. Paulo |
13/2/2007 |
Na discussão sobre a ocupação dos ministérios pelos 11partidos que compõem a coalizão governista repete-se o acontecido no debate sobre as eleições das presidências da Câmara e do Senado: ninguém fala do principal, do que toca o interesse coletivo. Os candidatos aos comandos do Legislativo passaram o tempo todo disputando quem tinha mais ou menos apoio no Palácio do Planalto, empenharam-se (e até engalfinharam-se) na conquista dos votos de seus pares e, à exceção de alguns gestos formais, ignoraram solenemente questões atinentes às demandas do eleitorado, principalmente às relativas à má fama da instituição. Agora ocorre o mesmo em relação à formação do ministério do segundo mandato do presidente Luiz Inácio da Silva: os partidos lutam cada qual para garantir seus espaços na Esplanada dos Ministérios, mas nenhum deles se dirigiu ao respeitável público para informar o que pretendem mesmo fazer à frente das pastas que almejam ocupar. Da reunião entre o presidente e o PMDB ontem, soubemos que o partido terá seu 'espaço ampliado sem distinção de grupos dentro dele', conforme informou o presidente da legenda, Michel Temer que, modesto, não quis listar as preferências. 'Não queremos esta ou aquela pasta e sim o que for razoável para o governo', acrescentou ele, cioso na observância da disciplina formal, mas displicente no que tange ao essencial: os atributos específicos do partido para ocupar, com propostas bem definidas de desempenho, os cargos para os quais disponha de gente capacitada a dar uma contribuição objetivamente positiva para o País. Na maneira como falou, Michel Temer foi revelador do loteamento sem critérios de qualificação que pauta a montagem da equipe presidencial. Quando diz que não quer 'esta ou aquela pasta', o pemedebista diz ao mesmo tempo que tanto faz como tanto fez, pois ao partido interessa mesmo é assumir 'esta ou aquela pasta' na quantidade que o presidente da República considerar 'razoável'. Em relação aos programas e políticas a serem executados, nem uma palavra é pronunciada nessa discussão onde se fala com uma naturalidade 'abismante' em 'cotas' disso e daquilo: há as pessoais, a da Câmara e a do Senado. Para conferir um verniz à coisa, há a justificativa de que o importante é assegurar a implementação do Programa de Aceleração do Crescimento, esta entidade que tudo abriga e cuja defesa define o grau de disposição à fidelidade dos demandantes. No PT não é diferente. Há uma semana, o presidente e os líderes do partido também estiveram reunidos com Lula e saíram dizendo que foram orientados a apresentar suas reivindicações dentro de 15 dias. Ao final do encontro do Diretório Nacional, no último fim de semana, em Salvador, algumas delas foram antecipadas. Além dos ministérios que já ocupa, o partido quer também os de Cidades, Integração Nacional, Comunicações, Saúde, Minas e Energia e Transportes. Argumenta que precisa das pastas para pôr em prática as políticas petistas. O problema é que não se sabe que políticas são essas e qual a relação que guardariam com as prioridades do País. Pode ser até que sejam bastante criativas e eficazes, que venham a representar um ganho de qualidade na administração federal, mas antes de mais nada seria fundamental que fossem conhecidas de todos para que se pudesse ao menos ter uma idéia aproximada a respeito do projeto de governo a ser implementado nos próximos quatro anos, a fim de desfazer a impressão de que continua a vigorar apenas um projeto de poder pelo poder. Por enquanto já se tem um esboço mais ou menos nítido do que os partidos pretendem que o chefe da Nação faça por eles. Agora falta dizerem o que pretendem fazer pela Nação. Se é que pretendem fazer algo além de transformar a administração pública numa entidade do interesse privado de cada uma das agremiações hoje preocupadas em delimitar as partes que lhes cabem no latifúndio da Esplanada dos Ministérios. Dobradinha O governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves, e o prefeito de Belo Horizonte, o petista Fernando Pimentel, pensam em estender a dobradinha que já une os dois no campo administrativo para o terreno da política eleitoral. Arquitetam em segredo o projeto de lançar um candidato conjunto a prefeito de Belo Horizonte em 2008. Procuram um nome novo, com perfil mais executivo que partidário, para dar um exemplo, a partir de Minas, da quebra da lógica do conflito que opõe seus respectivos partidos no cenário nacional. Como dantes A divisão do PMDB entre dois candidatos à presidência do partido , Michel Temer e Nelson Jobim, mostra que a nova postura em relação ao governo Lula não é fruto da unidade interna. É produto do cansaço da ala antes oposicionista de ficar longe do poder. Quatro anos bastaram. |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, fevereiro 13, 2007
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