Entrevista:O Estado inteligente

domingo, fevereiro 25, 2007

ELIANE CANTANHÊDCaça aos "cucarachos"

BRASÍLIA - Como bem disse Clóvis Rossi aí em cima, a foto de 40 brasileiros amontoados feito bichos nos Estados Unidos é de matar. Matar de tristeza, sobretudo. Aparentemente jovens e de classe média, eles estavam tentando entrar clandestinamente na maior economia e no maior sonho do mundo. Foram pegos, humilhados e serão deportados do sonho para a realidade do seu próprio país. Não é só. Pelos relatos que vêm de lá, há uma espécie de varredura para detectar e enxotar os ilegais, cada vez em maior número e mais diversificados. São asiáticos, africanos, latino-americanos. A brasileirada cai feito peixe na rede. E a rede está ficando superlotada.
Boston, tradicional reduto de brasileiros, já não tem onde meter os que estão à espera de deportação e provavelmente terá de despachar umas tantas cabeças para outros matadouros: uma dúzia para Los Angeles, outra para Chicago, mais outra para Miami, quem sabe? E, segundo a BBC, a União Européia também está fazendo uma varredura para capturar imigrantes ilegais, especificamente da América do Sul. Aviso aos navegantes, ou melhor, aos "voantes" que pretendem desembarcar até 9 de março em Madri, Barcelona, Lisboa, Roma, Milão, Frankfurt, Paris ou Amsterdã: da última vez, os cidadãos do Brasil, da Bolívia e da Venezuela foram os mais vetados. Até você explicar que não se chama João, não mora em Niterói e não tem a menor intenção de ser imigrante, tudo pode acontecer. Até embarcarem você de volta.
E a educação, como vai? De acordo com o Enem (ensino médio) e o Saeb (ensino básico), vai de mal a pior. E o índice de desenvolvimento? É, disparado, o menor entre todos os emergentes. Um vexame. Vida dura, essa de brasileiro. Se fica, o bicho da violência, do desemprego e da desesperança pega. Se corre, o bicho da arrogância do Primeiro Mundo come -e devolve.

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