BRASÍLIA - O presidente Lula apresenta hoje os três novos comandantes militares. Toda atenção será destinada ao brigadeiro Juniti Saito, que assumirá a Aeronáutica.
Com fama de reservado, mas de opiniões fortes, Saito terá que ajudar a descascar um abacaxi fenomenal: a crise no setor aéreo. Mas toda a expectativa sobre Saito escamoteia o real problema da área militar, o Ministério da Defesa, que nunca decolou. Com a exceção de José Viegas, abatido em vôo, os outros quatro titulares da pasta desde 1999 tinham o mesmo perfil: "low-profile", algo desejável, mas também um eufemismo para fraco.
O motivo é o mesmo: medo presidencial atávico de militares. Caberia à pasta a articulação entre os comandos militares e a elaboração da Política de Defesa Nacional. Ambas as funções inexistem na prática. O máximo de coordenação ocorre na hora de pedir aumentos ou de evitar mudanças no sistema de pensões e aposentadorias, que custam R$ 15,5 bilhões anuais aos cofres públicos, contra R$ 9 bilhões da folha dos ativos.
Com o ministério anêmico, cada comando defende o seu. Enquanto isso está restrito à definição de prioridades, estamos apenas no mundo da falta de política de defesa integrada. Afeta pouco a realidade, pelo menos até Hugo Chávez concretizar seu plano de tornar a Venezuela uma potência regional com alto poder de dissuasão.
Mas, quando se chega ao imediatismo de uma crise aérea, que existe em parte pelo fato de o setor ter comando híbrido, é que faz falta uma mão ativa na Defesa. Se é bom ter uma figura respeitável como Waldir Pires no cargo, isso não muda o fato de que sua condução da crise tem sido discutível.
Com a reforma ministerial, há oportunidade de mudança objetiva, com a desculpa ideal para evitar a humilhação política de Pires. Mas isso demanda uma mão ativa de Lula, e aí talvez seja pedir demais.
Entrevista:O Estado inteligente
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quarta-feira, fevereiro 21, 2007
IGOR GIELOW Defesa à deriva
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