Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Dólar, emprego e o nosso Pol Pot | Reinaldo Azevedo

Na balcanização do noticiário econômico, os dados a seguir serão noticiados em áreas distintas, mas são lados de um mesmo objeto, ainda não definido numa equação. Vejam só:
FATO UM - o dólar encerrou o dita cotado a R$ 2,076, com queda de 0,71%, menor valor desde maio do ano passado. Está configurada uma tendência para R$ 2, quem sabe menos. E o Banco Central ainda entrou no mercado. Comprou a moeda, mas não segurou. Não tivesse havido a intervenção...
FATO DOIS – Na Folha de S. Paulo: “O fato é que os setores mais dinâmicos, como os de bens de consumo duráveis, são bem menos intensivos em mão-de-obra. A indústria de calçados, intensiva em mão-de-obra, está demitindo. E não é só isso, as fábricas utilizam cada vez mais insumos e componentes importados. Do jeito que o mercado caminha, a saída para os jovens que ingressam no mercado de trabalho vai ser cortar cana e apanhar laranja", afirma André Rebelo, gerente do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)." Trata-se de uma reportagem de Fátima Fernandes, que deixa claro que o emprego tende a crescer, neste ano, menos do que se poderia esperar, dada a expectativa de expansão da economia.
Amarrando as pontas
O dólar barato torna pouco competitivos alguns setores empregadores de mão-de-obra, como o calçadista, citado acima, que demite. Escreve ainda o jornal: “O ritmo de crescimento do PIB em relação ao ritmo de expansão do emprego já esteve muito mais próximo do que está hoje, diz Fabio Silveira, sócio-diretor da RC Consultores. ‘O país mudou sua base produtiva e aumentou a informatização. E a evolução da economia sempre se faz no sentido de poupar mão-de-obra, tanto na indústria como no comércio.’”
O fato é que uma das maneiras, vamos dizer, “naturais” de elevar o dólar seria estimular a importação. Ao fazê-lo, o país estaria “exportando” mais empregos do que já exporta hoje. Estudos estimam em 2 pontos do PIB o que o Brasil já manda hoje para o exterior. Quem tem uma resposta?
Confesso que a idéia de ver parte do eleitorado de Lula cortando cana ou colhendo laranja não me é desagradável. E em condições certamente inferiores àquelas vigentes hoje, já que haverá oferta abundante de mão-de-obra.
O Apedeuta ainda mandará todos os brasileiros para o campo. Como Pol Pot. Mas sem perder a ternura.

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