Do Piauí para o Brasil
Luis Mota |
Aula no Instituto Dom Barreto, no Piauí: investir no professor é a chave do sucesso da campeã do Enem |
Uma reportagem publicada na página 92 desta edição de VEJA mostra como uma escola particular do Piauí, o Instituto Dom Barreto, de Teresina, alcançou o primeiro lugar no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicado a 2,7 milhões de jovens de todo o Brasil. O sucesso do Dom Barreto deve-se principalmente ao fato de os seus professores serem constantemente treinados, incentivados – e cobrados. Na escola de Teresina, eles não se apresentam aos estudantes sem antes assistir a aulas com os próprios autores dos livros didáticos, contratados para ensiná-los a fazer o melhor uso do material. Exige-se ainda do corpo docente que execute um roteiro detalhado para as aulas regulares. Aos professores mais competentes, a escola patrocina cursos de especialização nas melhores universidades do país e também os premia com viagens ao exterior. Resultado de todas essas iniciativas: como as aulas são de alto nível, os alunos assimilam melhor o conteúdo das matérias e, assim, têm um desempenho acima da média.
A campeã no Enem demonstra na prática aquilo que os acadêmicos do mundo inteiro afirmam há décadas: investir nos professores é condição necessária para o bom ensino. Resta às autoridades brasileiras disseminar o exemplo vindo do Piauí. Em abril, o Ministério da Educação lançará um novo programa nacional de formação de docentes, o Universidade Aberta do Brasil. Na fase inicial, ele fará chegar a 289 municípios brasileiros os primeiros cursos de nível superior gratuitos dessas cidades, coordenados por universidades federais. Pode ser um primeiro passo para preencher uma velha lacuna – 32% dos professores de ensino fundamental no Brasil lecionam sem ter pisado numa faculdade. O Enem, instituído no governo anterior, vem demonstrando a cada ano o estado lamentável da educação no país. Já passou da hora de arregaçar as mangas e mudar esse quadro.