Não é fácil montar governo no Brasil, mas não é prudente fazer o que o presidente Lula está fazendo: ele tem adiado indefinidamente a nomeação do seu ministério e assim vai alimentando as intrigas, brigas, puxadas de tapetes, ressentimentos.
São onze partidos que ele tem que acomodar.
O melhor momento para montar um novo governo passou há quatro meses. Logo que voltou do primeiro descanso após as eleições deveria ter montado o governo e iniciado já o segundo mandato, quando estava no auge do carisma do recém eleito.
Nos bastidores do segundo debate na TV Globo, o ministro Gilberto Carvalho me disse que era isso que ele tentaria: escolher logo os ministros para empossar com tudo preparado e nao perder um minuto do tempo.
Não foi o que ele fez. Adiou para depois da posse, depois das férias, depois para depois do eleição na Câmara e Senado, depois para depois do Carnaval e agora se diz para depois da convenção que vai escolher o presidente do PMDB.
Se for assim terá perdido quase cinco meses preciosos, terá gasto toda a lua de mel, terá adiado providências e projetos, terá queimado um tempo precioso num mandato que é mais curto pela própria natureza. Dois anos antes de terminar o mandato, quer ele queira quer não os olhares já estarão no sucessor.
O problema todo com tantas postergações é que o Brasil não pode perder tempo.
Acho curioso quando leio declarações de ministros e assessores, em on e em off, dizendo que o presidente tem pressa e nao quer perder tempo. A verdade dos fatos é que quem tem pressa nao espera nem posterga tanto.