Celso Ming - O custo das reservas |
O Estado de S. Paulo |
14/2/2007 |
Em outubro de 2005, quando as reservas do Banco Central estavam em US$ 43 bilhões, o professor de Economia da Universidade de Princeton (Estados Unidos) José Alexandre Scheinkman advertia que o Banco Central tinha ido longe demais.Ele argumentava então que, no regime de câmbio flutuante, não havia razões técnicas para construir um aparato tão poderoso e tão caro de defesa da economia contra crises.Se já estavam altas demais, de lá para cá as reservas externas do Brasil mais do que dobraram e já se aproximam dos US$ 100 bilhões. Apenas nos oito primeiros dias úteis de fevereiro, aumentaram, em média, US$ 414,2 milhões por dia, graças às compras agressivas do Banco Central. Dia 12, estavam em US$ 94,4 bilhões. Scheinkman não entende tanta insistência nessa empreitada.“O custo fiscal da formação de reservas é enorme. É como tomar dinheiro emprestado no banco a juros exorbitantes para aplicar na caderneta de poupança”, disse ontem a esta coluna. Ele estava se referindo ao fato de que toda compra de dólares obriga o Banco Central a tomar dinheiro emprestado no mercado (por meio da emissão de títulos públicos) para o qual tem de pagar os juros básicos, que hoje estão em 13% ao ano. Em seguida, o Banco Central aplica os dólares assim comprados em títulos do Tesouro americano, que rendem alguma coisa entre 4% e 5% ao ano. Descontadas as inflações, tanto a americana (de 2,5% ao ano) como a brasileira (em torno de 4%), segue-se que, com reservas de US$ 100 bilhões, o custo adicional desse carregamento é de cerca de US$ 5 bilhões por ano. Scheinkman reconhece duas coisas. Primeira, que a função das reservas deixou de se constituir em seguro contra crises, como antes. Agora estão sendo empregadas para impedir valorização ainda maior do real. (O Banco Central diz outra coisa. Repete que não tem piso para o câmbio e que só intervém para reduzir a excessiva volatilidade. Ninguém no Brasil ainda acredita nesse lero-lero.)Segunda, que não há nenhum critério que defina o nível adequado das reservas. “Não há um número mágico.” Nessas condições, Scheinkman não insiste mais em que já tenham ultrapassado o limite do razoável.Mas ele argumenta que o custo fiscal está pesando e que, pelo menos para reduzi-lo, o Banco Central deveria acelerar a derrubada dos juros básicos (Selic). Ele recomenda, também, que o governo baixe as tarifas alfandegárias para que as importações possam aumentar e ajudar a recuperação natural do equilíbrio cambial sem necessidade de tanta intervenção no câmbio, que, em princípio, deveria flutuar.Mas não pára por aí. “O que realmente importa é garantir a competitividade da empresa brasileira. Para isso, é necessário reduzir as despesas públicas para que a carga tributária possa ser mais baixa e os custos de produção possam cair. Quando, na sua atuação no câmbio, toma recursos do setor privado para aumentar as despesas públicas, o Banco Central está agindo em direção contrária.” |
Entrevista:O Estado inteligente
- Índice atual:www.indicedeartigosetc.blogspot.com.br/
- INDICE ANTERIOR a Setembro 28, 2008
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Celso Ming - O custo das reservas
Arquivo do blog
-
▼
2007
(5161)
-
▼
fevereiro
(423)
- China: outros sustos podem acontecer
- O PIB e alguma alegoria Por Reinaldo Azevedo
- Outra desculpa esfarrapada
- Loterias ou 'lavanderias'?
- Impróprio para menores- Ruy Castro
- As mágoas uruguaias persistem
- Ano do porco ou ano do cão? - Vinícius Torres Freire
- Míriam Leitão - Um susto
- Merval Pereira - O Enigma
- Élio Gaspari - O reflexo de Mantega demorou doze h...
- Clóvis Rossi - Paulinho e a China
- Celso Ming - Coceira na mão
- Dora Kramer - Um jeito de não querer
- Dos venturosos canaviais por Demóstenes Torres
- Ex-embaixador fala no Senado sobre críticas ao Ita...
- Rubens Barbosa Visão de longo prazo
- Garapa verde Xico Graziano
- Estratégia do esbulho
- A retórica da 'Opep do etanol'
- Dora Kramer - Deformação consentida
- Celso Ming - Nova pressão sobre o câmbio
- Tasso: 'É um festival de clientelismo
- Os novos senhores do universo
- Duplo prejuízo
- Dispersão do crime
- Chuva de dólares
- Clóvis Rossi - Visita ao futuro
- Eliane Cantanhede - Santo etanol
- Luiz Garcia - Uma boa: assaltar ministros
- Merval Pereira - A bancada das urnas
- Míriam Leitão - Visão de conflito
- Estão pressionando o IBGE a segurar o IPCA por 24 ...
- Mais uma sacada genial de Lula: “venceu” de novo c...
- Miriam Leitão Quem tem pressa não posterga tanto
- CLIPPING Opinião
- CLIPINGs de artigos
- Para embaixador, política externa é só "pragmática"
- MERVAL PEREIRA -Democracia adjetivada
- Uma chance de ir além da retórica
- A recuperação da Serra do Mar
- Reconhecimento do erro
- Mailson da Nóbrega Haja atraso
- DANIEL PIZA
- O PAC e as estatais
- CELSO MING Aplicar as reservas no País (4)
- DORA KRAMER Contrato de gaveta
- Paulo Renato Souza Estatização da formação de ...
- O Maxistério de Lula Gaudêncio Torquato
- FERREIRA GULLAR O sonho acabou
- DANUZA LEÃO De mal a pior
- JOSÉ ALEXANDRE SCHEINKMAN O crime e os adolescentes
- Rigor na dose certa JOSÉ SERRA
- ELIANE CANTANHÊDCaça aos "cucarachos"
- CLÓVIS ROSSI O butim
- Segurança no biodiesel
- CELSO MING Aplicar as reservas no País (3)
- DORA KRAMER O semeador de ventania
- A escalada DENIS LERRER ROSENFIELD
- FERNANDO GABEIRA Crime e genética
- PLÍNIO FRAGA O poder das mulheres
- CLÓVIS ROSSI O risco-país, o de verdade
- MERVAL PEREIRA Esperteza demais
- MELCHIADES FILHO Sossega-leão
- VEJA Carta ao leitor
- VEJA Entrevista: Fabio Feldmann
- Reinaldo Azevedo
- André Petry
- Lya Luft
- MILLÔR
- Irã A nova corrida nuclear
- Diogo Mainardi
- Roberto Pompeu de Toledo
- Decisão do STF pode livrar corruptos de alto coturno
- A canonização de Frei Galvão
- A II Guerra que só acabou em 1974
- Carnaval violento na Bahia
- O PT quer um ministério para Marta Suplicy
- Sonho e morte de um brasileiro em Londres
- Em busca da inteligência artificial
- A escola piauiense campeã no ranking do MEC
- A Usaid deixa o Brasil, depois de 45 anos
- Relatório prevê os efeitos do aquecimento no Brasil
- O bolero da inflação
- Bilionário aos 38 anos
- Pirataria
- Aparelhos em perigo VIRUS
- Música A tecnologia denuncia fraude de pianista
- Agora é na ponta do dedo
- Cinema Uma história de violência
- LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS
- Mata-se todo dia e a gente lava as mãos
- Míriam Leitão - De grão em grão
- Merval Pereira - O lulismo em ação
- Luiz Garcia - Contingenciar a indignação
- Eliane Cantanhede - "Quem decide sou eu"
- Clóvis Rossi - A esperança continua lá fora
- É incompetência, não ideologia
- Algum bom senso na CUT
- A ‘greve branca’ do PCC
- Celso Ming - Aplicar as reservas no País (2)
-
▼
fevereiro
(423)
- Blog do Lampreia
- Caio Blinder
- Adriano Pires
- Democracia Politica e novo reformismo
- Blog do VILLA
- Augusto Nunes
- Reinaldo Azevedo
- Conteudo Livre
- Indice anterior a 4 dezembro de 2005
- Google News
- INDICE ATUALIZADO
- INDICE ATE4 DEZEMBRO 2005
- Blog Noblat
- e-agora
- CLIPPING DE NOTICIAS
- truthout
- BLOG JOSIAS DE SOUZA