Entrevista:O Estado inteligente

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

O silêncio de Dilma- Mário Magalhães



Folha de S. Paulo
14/2/2007

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) comemorou em artigo publicado na Folha, às vésperas do Natal de 2005, a entrega do acervo do extinto Serviço Nacional de Informações (1964-90) ao Arquivo Nacional. "Fez-se história", orgulhou-se.
Acrescentou: "[...] A abertura desses arquivos representa a possibilidade de a sociedade brasileira conhecer uma parte obscura de sua história recente".
É provável que a ministra ignorasse que o material transferido pela Agência Brasileira de Inteligência não constituía o que o SNI de fato acumulou, mas o resultado da subtração de papéis.
Hoje não pode mais alegar falta de informação. Como a Folha demonstrou, documentos comprovadamente produzidos pelo SNI não chegaram ao Arquivo Nacional (vinculado à Casa Civil). Este diz que não recebeu, a Abin jura que repassou tudo o que tinha.
Além das "Apreciações Sumárias" do SNI de outubro e novembro de 1975, outros papéis podem ter sumido no "banho". Quando a notícia parecia boa, a liberação do acesso, Dilma faturou. Quando é ruim, o acervo surrupiado, ela se esconde.
O veto ao conhecimento do passado é regra nos anos Lula. Em 2006, uma comissão da ONU esperou resposta que não veio à requisição de abertura dos arquivos. O procurador-geral da República fez pedido igual, em nome do direito humanitário de as famílias enterrarem 140 desaparecidos. Ao não responder, o Planalto tripudiou. O governo renovou a lei de sigilo eterno para certos documentos.
Agora, faz vista grossa ao sumiço da papelada do SNI. Dilma Rousseff é a encarregada do presidente para cuidar da questão dos arquivos. Poderia, ao menos, se desculpar pela propaganda enganosa de 2005.

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