Entrevista:O Estado inteligente

domingo, maio 28, 2006

Falta horizonte

EDITORIAL DA FOLHA
 CRESCE A LISTA de empresas estrangeiras que anunciam reduções de investimentos no país. O destaque é a venda da distribuidora de energia Light, que atende à região metropolitana do Rio e era controlada pela EDF francesa, para um consórcio de capital nacional.
Se é verdade que o Brasil reduziu seu grau de vulnerabilidade externa mediante o aumento do superávit comercial e a redução da dívida pública, o país ainda não equacionou seu problema de falta de dinamismo.
As taxas de juros são mantidas em patamares absurdos, que inibem o consumo e o investimento. O renitente superávit fiscal, sustentado na elevação da carga tributária a nível intolerável e preservando de corte os gastos correntes, limita a capacidade de investimento público em infra-estrutura e sufoca o setor privado. Os portos, as rodovias e as ferrovias seguem a se deteriorar.
A ampliação de capacidade na geração de eletricidade não decola. O mecanismo concebido para financiar a infra-estrutura, as Parcerias Público-Privadas, não deslancha. Os instrumentos de regulação estão paralisados nos segmentos de saneamento, gás e energia elétrica. A volatilidade do câmbio reduz a previsibilidade, afastando investidores.
O país precisa rediscutir seu modelo macroeconômico. Insistindo em rotas equivocadas, como em taxas de juros totalmente fora do esquadro mundial, a economia brasileira pouco aproveitou a conjuntura internacional mais benigna em décadas. Resta torcer para que esse ciclo externo favorável ainda perdure por alguns anos e que da campanha presidencial surjam idéias e quadros capazes de superar a maldição do crescimento baixo.

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