O Globo |
26/5/2006 |
A candidatura do senador Pedro Simon, como alternativa viável eleitoralmente à polarização PT/PSDB, já nasceu morta ao adotar o ex-governador Garotinho como seu candidato a vice. O golpe que ontem recebeu da executiva nacional do PMDB, que transferiu a convenção que decidirá sobre a candidatura do partido para último dia do prazo legal, foi só a pá de cal em um movimento que não teria, sem o respaldo da opinião pública, a força política para se tornar uma opção para o eleitorado. As pesquisas de opinião mostraram que o senador Simon, ao contrário do que setores políticos imaginavam, não tem força eleitoral nacional para surgir como uma novidade nesta eleição. Além do mais, o possível candidato perde toda força moral para apresentar-se como paladino contra a corrupção quando conta como companheiro de chapa com um político que tem contra si diversas denúncias de abuso do poder econômico e financiamento ilegal de campanha eleitoral. A greve de fome que adotou, por parcos dias e poucos quilos, para fazer-se de vítima de perseguição política, acabou virando-se contra ele. A percepção da opinião pública do ridículo da situação está sendo refletida nos índices de popularidade do pré- candidato à Presidência da República, que desabaram nas pesquisas de opinião, tirando-o da disputa pelo segundo lugar que travava com o candidato do PSDB/PFL Geraldo Alckmin. Sua taxa de rejeição cresceu assustadoramente (para ele), chegando, pelo método utilizado pelo Instituto Sensus, a incríveis 60%. Para se ter uma idéia do que isso representa, técnicos do Sensus sustentam que candidatos que têm rejeição acima de 35% estão fora do jogo eleitoral. Com o PMDB fora da disputa, crescem as chances de o presidente Lula vencer ainda no primeiro turno as eleições de outubro, como indicam as pesquisas. O número de candidatos parece reduzir-se e, ao contrário do que pensam os estrategistas do PFL, o candidato tucano pretende ampliar sua coligação eleitoral incorporando a ela o PPS, que oscila entre lançar como candidato próprio seu presidente, o deputado federal Roberto Freire, aliar-se ao PDT ou aderir à coligação PSDB/PFL. A aliança com o PDT está cada vez mais difícil, pois o PPS considera que, tendo Freire mais intenções de voto que Cristovam Buarque, deveria dar a cabeça de chapa. A disputa é inócua, pois os dois têm votos que se misturam na margem de erro das pesquisas: Freire aparece com cerca de 3% de preferências, e Cristovam com 1%. Além do mais, há uma dificuldade prosaica mas relevante na disputa regional: tanto Cristovam quanto Freire são pernambucanos. O mais provável é que o PPS feche uma aliança com o PSDB, o que traria uma complicação política importante na disputa do governo do Estado do Rio, onde atua o mais influente político do PFL, o prefeito Cesar Maia. Com a presumível derrocada política do grupo Garotinho, Cesar vislumbra voltar a ser o principal líder político do estado, e por isso costura uma aliança com o PPS para apoiar a candidatura da juíza Denise Frossard ao governo do Rio. O PSDB, no entanto, apresentou como candidato o deputado federal Eduardo Paes, um quadro político oriundo do grupo de Cesar Maia, hoje desafetos políticos. É provável que a agressividade com que Cesar Maia tem tratado o PSDB nos últimos dias seja reflexo da disputa regional, uma pressão para que o PSDB apóie também a deputada Denise Frossard, o que teria que acontecer obrigatoriamente se o PPS se coligar com PSDB e PFL. De qualquer maneira, a disputa da Presidência da República deve ser feita por seis candidatos: Lula, pelo PT /PCdoB, sendo difícil que o PSB entre formalmente na aliança, reservando-se para coligações regionais mais amplas que o ajudem a alcançar o mínimo de votos exigidos pela lei eleitoral; Alckmin pelo PSDB/PFL/PPS; Heloisa Helena pelo PSOL; Cristovam Buarque pelo PDT; Enéas pelo Prona e José Maria Eymael pelo PSDC. Pelo resultado das últimas pesquisas de opinião, nesse cenário sem um candidato do PMDB, o presidente Lula hoje venceria no primeiro turno a eleição. Do ponto de vista político, no entanto, é improvável que a situação se cristalize nesses patamares durante a campanha eleitoral. As pesquisas indicam alguns pontos que são favoráveis a Alckmin, como sua taxa de rejeição, que no Datafolha é a metade da de Lula. Mesmo pegando-se a taxa de rejeição medida por outro método, na pesquisa Sensus, onde Alckmin entrou na faixa perigosa dos 40%, sua situação é melhor que a de Lula, que também tem cerca de 35%, mas é conhecido pela totalidade do eleitorado, enquanto Alckmin continua muito pouco conhecido. Os petistas acham, ao contrário, que quanto mais conhecido, mais Alckmin será rejeitado pelo eleitorado, que já teria reagido negativamente, aumentando sua rejeição ao candidato tucano em conseqüência da crise de segurança pública em São Paulo. Do ponto de vista meramente estatístico, a chance de haver segundo turno com seis candidatos na disputa aumenta consideravelmente. Se, pelos estudos da Mosaico Consultoria, em 53% das eleições disputadas por apenas quatro candidatos houve vitórias no primeiro turno, quando o número de disputantes passa para seis, a chance de isso acontecer cai para 37%. O patamar mínimo do primeiro colocado no primeiro turno tem sido de 40% dos votos, o mesmo patamar em que Lula se encontra atualmente nas pesquisas eleitorais. Esse parece ser seu teto, já tendo caído para a casa dos 30%, índice que historicamente o PT sempre teve nas eleições presidenciais, nos meses em que foi atingido com mais força pelos escândalos do mensalão. A questão é saber se o patamar de 20% de intenção de votos, onde está estacionado desde que foi lançado, é o teto do candidato tucano Geraldo Alckmin, ou é seu piso. |
Entrevista:O Estado inteligente
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