Entrevista:O Estado inteligente

sábado, maio 27, 2006

Diogo Mainardi Gabeira para presidente

VEJA

"Ganhar ele não ganha. O que eu espero
dele não é isso. O que eu espero dele é
que manifeste toda a minha repulsa
por lulistas e oposicionistas"

Fernando Gabeira é meu candidato a presidente. O que falta agora é
convencê-lo a se candidatar.

O primeiro contato não foi muito animador. Eu disse que votaria nele.
Ele respondeu que só se candidataria se fosse para ganhar. Como
assim? Ele quer ganhar? Ganhar ele não ganha. O que eu espero dele
não é isso. O que eu espero dele é que manifeste toda a minha repulsa
por lulistas e oposicionistas.

Na semana passada, Fernando Gabeira disse que se sentia frustrado "ao
ver que os bandidos estão triunfando na vida pública". E concluiu:
"Não rolei tanto barranco para entregar o ouro aos bandidos". Claro
que rolou. Claro que ele terá de entregar o ouro aos bandidos. Como
todos nós. Mas o tom de seu discurso está certo. O que Fernando
Gabeira pode oferecer a mim e a um montão de gente como eu, durante a
campanha eleitoral, é isso mesmo: um tantinho de teatro e um tantinho
de demagogia, chamando sempre os bandidos de bandidos.

Os oposicionistas não entendem por que não conseguiram arrebanhar o
eleitorado antilulista. Eles não conseguiram porque o eleitorado não
é tonto e sabe perfeitamente que eles não são antilulistas. Como
declarou Fernando Gabeira na última quarta-feira, o Congresso foi
tomado por quadrilhas. Essas quadrilhas estão acima do interesse
partidário ou ideológico. Diante delas, lulistas e oposicionistas se
comportam de maneira igual. O caso da empresa do filho de Lula é
emblemático. Os oposicionistas tinham a oportunidade de atingir
diretamente o presidente, mas preferiram ignorar o assunto, porque
suas afinidades com a Telemar acabaram prevalecendo.

Para conquistar o eleitorado antilulista, Fernando Gabeira terá de
dar o passo que ele ainda não ousou dar. Ele chamou Severino
Cavalcanti de bandido. Ele chamou Ney Suassuna de bandido. Ele chamou
Romero Jucá de bandido. Ele chamou Natan Donadon de bandido. Ele só
não chamou Lula de bandido. Estou aqui, esperando.

Há também a questão do táxi. Fernando Gabeira lembrou que, em sua
campanha para o governo do Rio de Janeiro, em 1986, ele não tinha
dinheiro nem para o táxi. Respondi que era melhor ficar sem táxi. Das
duas, uma: ou o candidato rouba e toma táxi, ou não rouba e não toma
táxi. Fernando Gabeira não rouba. Por isso é meu candidato. Então não
pode tomar táxi. Ele concordou comigo.

Fernando Gabeira apoiou Lula na campanha presidencial de 2002. Eu
não. Fernando Gabeira foi contra a CPI dos Bingos. Eu não. Fernando
Gabeira foi contra a guerra no Iraque. Eu não. Fernando Gabeira se
preocupa com o acúmulo de nitrogênio no solo. Eu não. Mas não importa
o que ele pensa. Fernando Gabeira é o único político que ainda pode
dar algum sentido à disputa eleitoral, representando a recusa de uma
parcela do eleitorado em aceitar calada essa bandidagem tão rudimentar.

Eu apóio Fernando Gabeira para presidente. Meu maior temor é que
ocorra um acidente e ele seja eleito. Um candidato só é realmente bom
se a gente sabe que ele nunca poderá ganhar.

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