Entrevista:O Estado inteligente

terça-feira, maio 30, 2006

Valdo Cruz - Não se anule




Folha de S. Paulo
30/5/2006

A campanha já começou, ainda não pegou, mas já tem gente preocupada com ela: a da pregação do voto nulo na eleição desse ano, um protesto contra a bandalheira na política.
Presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Marco Aurélio de Mello diz ter captado sinais de que a campanha em defesa do "anule seu voto" pode crescer e encomendou peças publicitárias para atacá-la.
"É um retrocesso que me preocupa muito. Vamos mostrar na TV e no rádio que o voto nulo não implica melhorias para o Brasil", diz Marco Aurélio, principal juiz da eleição de 2006.
Ele tem motivos de sobra para estar preocupado. Afinal, nunca houve campo tão fértil para proliferação desse tipo de bandeira desde a redemocratização do país.
O PT, arauto da ética até antes de chegar ao poder, chafurdou na lama. Daí surgiu a sucessão de escândalos: do mensalão aos sanguessugas, nunca todos foram tão iguais na política, com raras exceções.
Com espetáculo tão deprimente sendo encenado nos gabinetes de Brasília, é comum ouvir de eleitores que ninguém merece seu sufrágio.
Por enquanto, porém, a fase é mais de desabafo. As pesquisas eleitorais ainda não captaram aumento nas intenções de votos nulos. Estão na média histórica, abaixo de 10%.
O risco é que, iniciada de fato a campanha eleitoral, a pregação do sufrágio nulo saia dos ambientes restritos, como a internet, e ganhe adeptos nas ruas. Talvez até não cole muito para o posto de presidente, já que pode ajudar Heloísa Helena. Mas pode atingir deputados.
Antes disso, a Justiça Eleitoral promete agir para garantir a credibilidade da eleição não só no combate ao voto nulo. Promete rigor na fiscalização das eleições. Contará com a ajuda da Polícia Federal.
Os chefes da operação recomendam cautela àqueles que ainda pretendem viajar com malas de dinheiro pelos aeroportos. A conferir.

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