O Estado de S. Paulo |
30/5/2006 |
Sem PMDB na disputa, Heloísa Helena é candidata ao papel de fiel da balança Tantas idas e vindas o PMDB protagonizou com a sua ambigüidade, falta de unidade e ausência de identidade que acabou perdendo o lugar de fiel da balança inicialmente reservado ao partido nesta eleição. Sem candidato a presidente, fica sem patrimônio eleitoral para determinar a realização de um segundo turno; se não formalizar aliança com o PT ou o PSDB, tampouco poderá exercer seu poder de influência oferecendo tempo de televisão a um dos dois principais oponentes. Reduzido o PMDB a figurante nos Estados, o papel de estuário dos votos dos descontentes com as candidaturas Luiz Inácio da Silva e Geraldo Alckmin deverá mesmo ser assumido pela senadora Heloísa Helena, cuja candidatura acaba de ser confirmada pelo PSOL. Se a senadora não disputa para ganhar, tampouco pode ser posta junto dos nanicos pitorescos que figuram no rol dos candidatos a presidente só para constar. Ela concorre principalmente para tentar garantir a sobrevivência de seu partido, que sem a candidatura presidencial dificilmente passaria pela cláusula de barreira - obrigatoriedade de obtenção de 5% dos votos computados nacionalmente para ter representação parlamentar, fundo partidário e direito a horário gratuito no rádio e na televisão. Mas a participação dela no pleito não será desprezível e, por isso, não deve ser de antemão desprezada. Desprovida de estrutura, sem uma aliança de peso sequer e com um discurso radical inadaptável à realidade, antes da candidatura assumida Heloísa Helena aparecia nas pesquisas com índices de 6% a 8%. No desenrolar da campanha é de se supor que a senadora eleve esses índices; menos pelo conteúdo de suas idéias e mais pelo simbolismo de sua conduta de petista expulsa por se recusar a acompanhar as "mudanças" do partido na transição de oposição para situação. Na condição de heroína da resistência, Heloísa Helena sem dúvida conquistará votos do eleitorado mais bem informado, desencantado com o PT, ávido por se aliar a utopias, referido nas boas causas, suscetível a novidades e que se leva a sério o suficiente para rejeitar a pregação do voto nulo. Nesse sentido, a senadora deverá apresentar ao PT agora a fatura de sua expulsão, pois a lógica indica que ela tirará mais votos de Lula. Mas poderá também roubar pontos preciosos da oposição. Notadamente daquele eleitor que até se animava em votar em José Serra por enxergar nele um "tucano de esquerda", mas que acha Geraldo Alckmin moderado e conservador demais. Heloísa Helena detestará o título, rejeitará o dístico, mas é séria candidata a musa dos desencantados e pode ser fator preponderante na decisão da eleição no primeiro ou no segundo turnos. Auto-suficiente As brigas entre PSDB e PFL, na opinião do candidato a vice na chapa de Alckmin, senador José Jorge, têm origem na "tensão pré-eleitoral" que tomará conta dos partidos nos Estados até a formalização das alianças para governador, deputado e senador. Segundo José Jorge, o presidente Lula está livre desse ambiente conturbado porque sua campanha não depende de partidos. "Ao contrário, para ele, quanto mais distância do PT, melhor." Realmente, o presidente da República brigará pela reeleição em condição de auto-suficiência total. De um lado, pode ser uma vantagem, pois, se Lula ganhar, não terá devido a vitória a ninguém. De outro, a ausência da sustentação de partidos não deixa de ser um risco em eleição "casada", para deputado estadual, federal, senador e governador. Em 1989, Fernando Collor se elegeu na base da mocidade independente, mas a eleição era "solteira", só para presidente. Nome próprio O deputado tucano João Almeida foi vetado do programa de TV do PSDB da Bahia porque defende a aliança do partido com o PFL. Quando ocorre no PT, esse tipo de intervenção é chamada de centralismo democrático. No PSDB da atual conjuntura eleitoral, represálias internas respondem pelo nome de tolice mesmo. Webvoto "E quando é que começa o negócio de poder votar pela internet?" A pergunta, lançada assim de repente por Ricardo, operador de som, eleitor no Rio de Janeiro, faz sentido. Principalmente diante da tese defendida pelo autor: "Já que o voto é obrigatório, podendo votar pela internet pelo menos a gente não perde o dia com quem não merece." O rapaz fala de comodidade, fala da irritação popular com a política, em boa medida fala de alienação, mas fala também uma verdade quando contrapõe a obrigatoriedade do voto à falta de compromisso do eleito com o votante. Um é punido se não votar, o outro faz o que quer com o mandato; até transformá-lo em instrumento de compra e venda, correndo risco mínimo de punição. |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, maio 30, 2006
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