Idolatria americana (idolatria e geografia?)
No talk show mais popular da televisão americana, The Tonight Show , com Jay Leno, na rede NBC, há um segmento sobre a ignorância da população em geral, e dos jovens, em particular.
Da rua ou do estúdio, o apresentador faz perguntas simples aos entrevistados: o que foi a guerra civil americana?
Foi contra a Rússia, responde uma universitária.
Outro jovem do painel logo aperta o botão indicando que sabia a resposta: "Foi entre o sul e o norte".
Correto. Parabéns. "E quem ganhou?", pergunta Leno. "Foi o sul."
Calouros
A maioria dos americanos entre 18 e 24 anos acha que inglês é a língua mais falada no mundo e não consegue localizar o Iraque nem Israel no mapa do Oriente Médio. Metade não sabe onde fica o Estado do Alabama.
Esta juventude, sem interesse por geografia nem paixão por política, há seis meses está grudada num dos maiores fenômenos na história da televisão: American Idol, um show de calouros.
Duas noites por semana, às vezes três, mais de 30 milhões de americanos assistem e votam no cantor favorito.
A eliminação é no show de quarta-feira, conhecido como a quarta sangrenta.
Só o jogo final do campeonato de futebol americano e o Oscar dão audiências semelhantes.
A fórmula surgiu na Inglaterra, foi copiada no mundo inteiro, inclusive no Brasil, mas nada se compara à máquina americana de transformar sucesso em dólares em todas as mídias, do cinema a shows itinerantes.
A competição dura cinco meses e há dois anos se tornou uma mina de ouro para a rede Fox que desde de 2005, graças ao Ídolo , assumiu a liderança de audiência na faixa dos 18 aos 49 anos no horário nobre.
A finalíssima, ontem à noite, com uma audiência recordista de 35 milhões, foi entre o sul e a costa oeste.
Katharine McPhee, da California, é uma jovem com uma voz treinada desde criança e um rosto tão perfeito que foi apelida de Moça de Plástico.
Taylor Hicks, do Alabama, tem 29 anos, cabelos precocemente grisalhos e um estilo exuberante que mereceu o apelido de Cantor de Casamento.
Com mais de 60 milhões de votos - mais do que qualquer presidente dos Estados Unidos - Taylor Hicks é o novo ídolo americano e, graças a ele, milhões de jovens hoje sabem onde fica o Alabama.