editorial |
O Estado de S. Paulo |
13/2/2007 |
A têmpera rebelde e pantagruélica que tem revelado o Partido dos Trabalhadores (PT), em relação ao chefe de Estado e governo que é o trunfo maior de seus quadros - desde que foi o responsável maior por sua existência -, não parece arrefecer nem diante dos plangentes apelos do presidente Lula. À guerra interna travada por suas inconciliáveis facções - de um lado, o 'Campo Majoritário', que tem, com José Dirceu, a força ressuscitada, embora ainda não anistiada, e, de outro, os ex-defensores da recuperação ética, via 'refundação' de Tarso Genro - se sobrepõem incompatibilidades de visão em relação à política econômica do governo, tendo como pomo da discórdia simbólico o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o que ele representa no impedimento à queda acelerada das taxas de juros, que a maioria do partido considera como condição essencial para a aceleração do crescimento econômico. Claro está que no bojo dessas divergências internas, que fazem dos petistas exímios atiradores com metralhadoras apontadas não para os adversários mas para os próprios pés - como disse o presidente Lula -, está uma insaciabilidade quanto à pretensão de ocupação de espaços ministeriais (daí a expressão 'pantagruélica', que aqui usamos), pois a disputa não se trava apenas com concorrentes da base aliada (especialmente os peemedebistas), mas, sobretudo, com os correligionários da 'outra' facção. É uma briga de foice às claras, com os spots na arena centrados, especialmente, na peleja Tarso versus Dirceu, com torcidas (dentro e fora do governo) barulhentas de cada lado. Um e outro lado aceitam recuos formais, tais como a retirada das expressões sobre 'corrupção ética' e 'refundação' da mensagem do grupo de Tarso ao partido, e o sapo digerido pelo grupo de Dirceu, quando o presidente da República só concordou em abraçar o companheiro cassado longe dos olhos da imprensa. Mas, na verdade, os chorosos apelos à unidade, por parte do presidente Lula, não surtiram qualquer efeito harmonizador perante as arreliadas facções petistas. Em inflamado discurso no jantar de abertura do encontro do Diretório Nacional do PT, em Salvador - em comemoração aos 27 anos do partido -, depois de lembrar, com nostalgia emocionada, os 'momentos maravilhosos' que o partido já vivera, Lula referiu-se à guerra interna provocada pela nova onda de críticas à sua política econômica, justamente no momento em que seu governo precisa emplacar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Disse que fica triste ao abrir o jornal e ver mais espaço para a luta interna do partido do que para 'as coisas boas que a gente faz', enfatizando: 'Nós contribuímos para isso.' 'Estamos nos triturando' - observou, talvez pensando em atritando - e, alertando para a necessidade de construir maioria no Congresso, em apoio a seu Plano, exclamou: 'Está na hora de a gente dar uma trégua a nós mesmos e ser companheiros.' Mas, no dia seguinte, o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, ignorando os apelos pelo fim do 'fogo amigo', após longa reunião aprovou resolução política em que cobra 'enfaticamente' a redução das taxas de juros, critica o conservadorismo da política monetária, pede a formação de uma equipe econômica 'alinhada com o PAC' e sugere a ocupação petista de setores estratégicos do governo, tais como o Ministério das Comunicações (hoje Pasta do PMDB). Eis alguns de seus tópicos: 'De antemão, registramos que a orientação pró-crescimento, contida neste plano, depende em boa medida da política monetária' (...) 'Entendemos que há condições para acelerar a redução da taxa de juros e criticamos, enfaticamente, o conservadorismo da mais recente decisão do Copom' - aí se referindo à última reunião do Conselho de Política Monetária, que reduziu a taxa de juros em apenas 0,25 ponto porcentual, enquanto o mercado aguardava queda de 0,50 ponto porcentual. Se não bastassem a guerra interna e o apetite voraz por espaços no governo, o PT aumenta mais o sufoco imposto ao chefe quando o grupo dos cinco governadores petistas reivindica um 'canal privilegiado com o Planalto' - com o que atraem a animosidade dos demais governadores, que não aceitam essa descabida tentativa de partidarização federativa. Realmente, com o partido que tem Lula dispensa a mais trabalhosa oposição. |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, fevereiro 13, 2007
PT não ouve o choro de Lula
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