Entrevista:O Estado inteligente

sexta-feira, novembro 10, 2006

Problemas no Incor


EDITORIAL
Folha de S. Paulo
10/11/2006

É GRAVE a crise que afeta o Incor (Instituto do Coração), em São Paulo, um dos principais hospitais públicos do país e centro de excelência em ensino e pesquisa. A Fundação Zerbini, entidade privada que administra o instituto, deve R$ 245 milhões, ou 82% do seu orçamento.
Os problemas financeiros já começam a afetar o desempenho do hospital. Nesta semana, pela primeira vez em 38 anos, a fundação atrasou salários e complementações que paga a funcionários e admitiu que não conseguirá honrar encargos trabalhistas.
O Incor funciona num modelo híbrido. Embora existam alguns funcionários contratados diretamente pela fundação, a maioria faz parte do quadro do Hospital das Clínicas (governo do Estado) e recebe uma complementação.
Para angariar recursos, o Incor se vale da chamada dupla porta: atende a convênios e a particulares. Cerca de 80% dos procedimentos no hospital se dão pela via pública (SUS), mas os 20% restantes respondem por quase metade da receita. O tratamento é o mesmo, mas os pagantes têm preferência na ocupação de vagas. O modelo se destaca pela agilidade: sendo entidade privada, o Incor dispensa licitações.
O tipo de gestão do Incor nada tem a ver com a crise financeira, ligada à construção do Incor 2 e à abertura do Incor Brasília. Fala-se, também, em irregularidades que teriam sido cometidas na gestão anterior da fundação.
O governo deve evitar que o Incor interrompa atividades ou deixe de ser um centro de excelência. De sua parte, o instituto precisa adequar-se à nova realidade financeira, cortando despesas e buscando ampliar receitas -o que já está sendo feito.
O Incor é um dos raros hospitais públicos que disputam a preferência da elite brasileira com as melhores instituições privadas. Esse selo de qualidade, voltado majoritariamente à população de baixa renda, não deve ser descaracterizado.

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