Petista diz que, neste ano, veículos de comunicação tentaram criar um falso duelo entre "maus e corruptos" e "bons e técnicos'
Em discurso a movimentos sociais, ministro também afirma que a visão petista de democracia é a "mais avançada" que existe
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) disse ontem que, nas últimas eleições, a mídia nacional buscou "despolitizar" a população com o objetivo "espontâneo" de propor uma disputa entre "maus e corruptos" e "bons e técnicos".
As críticas de Tarso à mídia ocorreram no momento em que discursava a integrantes de movimentos sociais sobre a falta de interesse político das pessoas em todo o mundo.
"No Brasil, durante dois anos do governo do presidente Lula, foi construída matematicamente pela mídia uma rejeição plena das pessoas à esfera da política. Não é um coisa feita somente contra o presidente Lula. É para dizer que os políticos não prestam, que as instituições não prestam e que a corrupção absorve todos os partidos e todas as pessoas."
Passadas as eleições, tornou-se comum dirigentes petistas acusarem a imprensa por um suposto apoio à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa contra Lula. Tarso e o presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, têm repetido essa tese. O ministro voltou a insinuá-la ontem.
"O trabalho informativo [da mídia, durante as eleições] foi feito para desencampar as pessoas da política e abrir espaço para o choque de gestão e abrir espaço, em última análise, para a limpeza técnica, tirando as relações políticas, as crises, as deformações que as pessoas têm e os erros dos partidos políticos em emergência a alguém supostamente limpo, supostamente impoluto para levar o país através da técnica, para levar o país através do choque de gestão ao infinito de felicidade e de bonança."
Ciente da presença de jornalistas no local, Tarso tentou amenizar a colocação. Primeiro, disse que não fazia ali uma "acusação" a jornalistas e veículos em particular. A seguir, porém, afirmou que a atuação da imprensa não é uma "conspiração", mas um "movimento espontâneo para despolitizar" as eleições e transformá-la num duelo entre "corruptos e os maus" e "bons e técnicos".
Após falar sobre a mídia, Tarso voltou ao tema da importância dos movimentos sociais no auxílio ao Executivo. Acerca disso, disse que o modelo de democracia petista é o mais "avançado".
"Nós, do governo federal, e nós, do PT, [não] somos donos da verdade. E não temos desprezo a nenhum partido político democrático. Temos divergências em relação às reformas e às crises e temos uma visão de democracia que é mais avançada, que é a visão que combina a democracia representativa com a participação direta da cidadania para promover decisões públicas cada vez mais democráticas, inteiradas aos interesses da população."