Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 25, 2006

A fusão das Lojas Americanas com o Submarino

A Amazon brasileira

É o que está por trás da idéia de fundir
o site Submarino e a Americanas.com


Chrystiane Silva

O fato fundador do comércio eletrônico no mundo divide os especialistas. Para alguns teria sido a venda on-line pela NetMarket de um CD do cantor Sting, em 1994. Para outros a pioneira foi uma loja de equipamentos eletrônicos da Califórnia que conseguiu vender, por meio de um portal improvisado, 100 dólares em acessórios de computador. O mais certo é que o primeiro produto vendido pela web tenha sido uma garrafa de vinho ou um livro. Quando o americano Mark Andreessen lançou sua primeira versão gráfica do Mosaic para internet, as duas primeiras lojas a anunciar seus produtos na página inicial do browser eram uma livraria e uma loja de bebidas – só depois viria a terceira onda, a de lojas de ração para cães e gatos.

No Brasil, o comércio eletrônico chegou tardiamente no fim da década de 90. Não faltaram razões – a renda achatada da classe média e pouca penetração da internet no país. Mas nos últimos dois anos a explosão do crédito e a popularização dos computadores elevaram em 145% as vendas on-line, que devem fechar o ano em 4,3 bilhões de reais. No despertar do comércio virtual, as duas maiores lojas do segmento no Brasil anunciaram a assinatura de um acordo com potencial de criar uma das cinco maiores lojas virtuais do mundo – em vendas e valor de mercado.

A Americanas.com, líder do mercado, pretende unir-se à vice-líder Submarino. A fusão ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Se confirmada, criaria uma nova empresa, a B2W Companhia Global de Varejo, com mais de 50% do comércio eletrônico nacional e faturamento anual de 2 bilhões de reais. A Americanas.com é uma subsidiária das Lojas Americanas, que estão há 77 anos no Brasil. O sucesso do braço on-line do grupo é fruto da sagacidade de seus controladores e do uso da infra-estrutura e da logística da rede tradicional. Já o Submarino é uma empresa quase que exclusivamente virtual, líder em número de pedidos na internet. As duas lojas tiveram como controladores, em momentos diferentes, o mesmo trio de acionistas que arquitetou, em 2004, a fusão entre a fabricante de bebidas AmBev, da qual eram sócios, e a belga Interbrew. São eles Marcel Telles, Carlos Alberto Sicupira e Jorge Paulo Lemann. Como acionistas das Americanas desde 1982, os três participam do bloco de controle. No Submarino, exerceram o mando de 1999 a março de 2006. Não se sabe se a idéia de fusão partiu deles, mas a estratégia faz sentido. Juntas, as duas lojas virtuais terão fôlego para negociar com fornecedores e competir com grandes varejistas. Além disso, prepara as empresas para uma eventual entrada, no Brasil, de gigantes internacionais como a Amazon.com. O mercado justifica tanta competição: o comércio eletrônico representa apenas 2% de todos os produtos e serviços comprados pelos brasileiros; nos Estados Unidos, esse porcentual é de 6%. Mesmo com atraso, a tendência é o Brasil atingir o mesmo patamar.




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