Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 25, 2006

Os minicarros já somam 35% do mercado no Japão

Parece de brinquedo

Com modelos cada vez mais equipados,
os minicarros já somam 35% das
vendas de automóveis no Japão


Chrystiane Silva


Fotos divulgação
DAIHATSU COPEN
O conversível custa entre 13 700 e 16 000 dólares. Tem opcionais como banco de couro e câmbio automático


Os japoneses sofrem para conciliar sua paixão por automóveis com a falta de espaço urbano e a gasolina vendida a preço de perfume. Para comprar um carro em metrópoles com alta densidade demográfica, como Tóquio ou Yokohama, o consumidor precisa comprovar às autoridades que dispõe de uma garagem para estacioná-lo. Isso sem contar os impostos e pedágios, fixados em preços altos para inibir a circulação de veículos e o consumo de combustíveis. Foi por razões como essas que, estimulada pelo governo japonês na década de 50, a indústria automobilística começou a desenvolver minicarros – ou kei jidosha, como são chamados. Seus proprietários pagam impostos e pedágios mais baratos. Também não precisam apresentar o "comprovante de garagem" para adquiri-los – desde que os motores tenham até 660 cilindradas e as dimensões não ultrapassem 3,5 metros de comprimento, 1,5 metro de largura e 2 metros de altura.


Yoshizaku Tsuno/AFP
DAIHATSU MOVE
Econômico, o modelo custa entre 8 400 e 13 870 dólares. Um dos opcionais é o duplo air bag

Até o fim dos anos 90, esses incentivos foram suficientes para captar a atenção de uma fatia restrita, mas fiel, dos consumidores japoneses. Recentemente, no entanto, uma competição acirrada entre as três montadoras que participam do segmento – a líder Suzuki, a Daihatsu e a Mitsubishi – melhorou a qualidade dos pequenos notáveis e fez sua demanda explodir. Enquanto a venda de automóveis tradicionais cai 6% ao ano, a de minicarros sobe 2,5%. Em 2006, pela primeira vez na história, a venda dos kei jidosha chegará a 2 milhões de unidades – 35% do mercado, acima dos 24% registrados há uma década. Esse aumento já fez acender a luz vermelha nas montadoras tradicionais. "O consumidor está indo em direção aos minicarros", declarou recentemente Carlos Ghosn, diretor mundial da Renault-Nissan, a respeito do mercado japonês. "O mercado não nos é favorável."


MAZDA CAROL
Sensação entre as mulheres, custa de 7 200 a 9 600 dólares. Um item opcional é o espelho retrovisor elétrico

Uma pesquisa da consultoria japonesa J.D. Power Asia Pacific Reports elegeu o i, novo modelo da Mitsubishi, o preferido entre os minicarros. A sacada da montadora foi fazer com que o motor coubesse na parte de trás do veículo, permitindo um aumento substancial de seu espaço interno. O i também vem numa série limitada chamada Hello Kitty, com lataria e rodas pintadas na cor rosa. Já o Suzuki Cervo, lançado no começo de novembro, inclui tecnologia bluetooth de conexão sem fio, acionamento das travas elétricas a distância e opção de tração nas quatro rodas. A Daihatsu faz sucesso com modelos como o Copen, uma espécie de mini-Porsche Boxster. Conversível, o carro tem linhas arredondadas e agradáveis e pode vir com câmbio automático de quatro marchas ou manual de cinco. Em sua versão mais luxuosa, tem funcionamento elétrico da capota e volante de couro e madeira. Além de bonitos, os minicarros são politicamente corretos. A Daihatsu e a Suzuki têm modelos híbridos movidos a gasolina e eletricidade. Por isso, são a antítese dos jipões beberrões de gasolina, cujas vendas declinantes ajudaram a levar montadoras como a Ford e a General Motors à beira da falência.


2205 Wieck Media
MITSUBISHI I
Com motor traseiro, seu preço varia entre 10 800 e 13 800 dólares. Possui versão com iPod

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