Artigo - Barbara Gancia
Folha de S. Paulo
24/11/2006
A edição do documentário acabou por mostrar apenas a melhor parte dos bastidores da campanha do PT em 2002
FINALMENTE RECEBI o meu exemplar do DVD "Entreatos", o documentário que mostra os bastidores da campanha presidencial de Lula em 2002.
Trata-se de uma declaração de amor a Lula. Sim, estão lá todos os petistas que depois caíram em desgraça. Mas o documentário que o diretor João Moreira Salles relutou em lançar em DVD antes da conclusão das eleições de 2006, por temer que o conteúdo pudesse interferir no processo eleitoral, só mostra a parte, digamos, mais elegante dos bastidores da campanha do PT.
Tirando os palavrões que Lula e Duda Mendonça distribuem fartamente na frente das lentes de Salles (e eu não tenho nada contra palavrões), esse poderia tranqüilamente ser um documentário sobre alguém da estatura de um Nelson Mandela.
A edição, que chega a ser microcirúrgica na precisão com que interrompe com afiado bisturi a cada cena em que Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido por seu pavio curto, começa a perder a paciência com alguma coisa, acaba transformando o que pretendia ser o relato dos bastidores de uma campanha presidencial em um "coitos interruptus".
Em "The War Room", o celebrado documentário dos bastidores da primeira campanha presidencial de Bill Clinton, lançado em 2004, o espectador é colocado na posição de voyeur com credencial de acesso, bem no centro das reuniões do comitê eleitoral dos democratas. E ganha até o direito de ouvir os comentários mais picantes dos principais articuladores da campanha, James Carville e George Stephanopoulos.
No filme de Salles, a porta é fechada na cara do espectador a cada vez que a equipe de Lula se junta para traçar estratégias de campanha. Só nos é permitido assistir a uma ou outra conversa amena entre os assessores do presidente antes e depois das conversas de trabalho.
Em "The War Room", Clinton surge como coadjuvante e não aparece fazendo jogo de sedução para as câmeras que o seguem. Já em "Entreatos", Lula é o ator de um "one man show" e interpreta para as câmeras com grande habilidade. Vemos um presidente assertivo, de imenso carisma, extremamente simpático e brincalhão e muito mais articulado na hora de falar sobre geopolítica ou citar dados do IBGE do que o Lula que a gente conhece das entrevistas na mídia.
O leitor assíduo deste cantinho de céu deve lembrar de que eu afirmei que viraria esporte nacional identificar no filme de Salles, que estava para ser lançado em DVD, os petistas acusados de atos ilícitos. Pois bem, para quem imaginava que veríamos Delúbio Soares e Silvio Pereira em conversas comprometedoras, "Entreatos" é um balde de água gelada. Resta um consolo. Alô, meu querido Monkey Simon! A primeira dama (ou "a única dama", como ela se refere a si mesma no documentário) fala. E como fala.
Ar puro
A melhor notícia da semana foi a criação do sistema que prevê a instalação nos automóveis de chips com informações sobre número de chassi, placa e Renavam. Entre outros benefícios, os chips funcionarão para tirar de circulação os carros mais antigos, melhorando sobremaneira a qualidade do ar.
barbara@uol.com.br
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