Cresce a agricultura orgânica no Brasil. Há 30 anos conquista adeptos, cria mercado.
Está madura para, agora, investir em tecnologia e certificar sua qualidade. Produto orgânico não pode significar má agricultura.
Aqui reside a grande preocupação dos técnicos que trabalham na regulamentação, aguardada para breve, da lei 10.831/03. Normas devem estabelecer os requisitos técnicos da produção orgânica e sua comercialização. Garante o agricultor e protege o consumidor.
Atualmente, estima o Ministério da Agricultura que existam 810 mil hectares de cultivo, ou criação, orgânicos no país, envolvendo 12.800 produtores. Esse volume coloca o Brasil em sexto lugar no mundo, atrás da Austrália, da China, da Argentina, da Itália e dos EUA.
A grande sensação da 4aBiofach, feira orgânica internacional recentemente realizada em São Paulo, foi o interesse dos norte-americanos. Tratase de fabuloso mercado, rico. Parece que o combate à obesidade, entre os gringos, provoca uma onda na direção dos produtos naturais. Nessa, a virtude do orgânico se sobressai.
Mas, afinal, de que se trata? Agricultura orgânica, na sua origem, representa uma reação à quimificação dos insumos agropecuários, notadamente os agrotóxicos e os fertilizantes solúveis. Uma espécie de retorno às origens.
A evolução do conhecimento agronômico criou a moderna agronomia, desaguando na “revolução verde”. O melhoramento genético selecionou plantas e animais com elevado potencial de produção. Houve extraordinário salto na produtividade agrícola.
A famosa lei de Malthus estava superada pela tecnologia rural. Se persiste, a fome advém da injustiça econômica, não da dificuldade de produção de alimentos. Deu até Nobel da Paz. Em 1970, a modernização agrícola consagrou seu expoente, o agrônomo Norman Borlaug.
Tudo resolvido? Não. Insumos artificiais, monocultura, mecanização, seleção genética, desmatamento, alta escala, todo o “pacote” tecnológico da moderna agricultura embutia forte pressão contra as leis naturais. Rápida produção, instabilidade ecológica.
No descontrole das pragas e doenças reside o maior problema.
Centenas de insetos, fungos, bactérias, antes inócuos, tornaram-se terríveis patógenos. Os bichos desenvolveram resistência aos venenos, ressurgindo nas plantações.
De um lado, o movimento de contestação tecnológica empurrou a agronomia tradicional rumo à agricultura sustentável. Tudo melhorou.
Com a biotecnologia e a engenharia genética, nova agropecuária se forja.
Noutra vertente, sobressaíram-se as teses a favor da agricultura alternativa.
Valorizavam o naturalismo, combatiam a monocultura e enfrentavam o capitalismo. Mesclavam ciência com ideologia, religião com ecologia.
Nesse emaranhado, uma corrente, a linha orgânica, destaca-se, conquistando os consumidores.
Dois grandes desafios a ela se apresentam hoje. Primeiro, a barreira do elitismo. Os produtos orgânicos viraram grife de gente rica, com preço médio 30% acima dos convencionais.
Ocupam, na linguagem do marketing, nicho de mercado. Um bom business, que atrai, aliás, muita picaretagem.
Assim, a certificação é fundamental.
Segundo, a agricultura orgânica se supõe superior à produção dita convencional, não podendo representar volta ao passado. Para tanto, a pesquisa agropecuária haverá de aprimorar os sistemas orgânicos de cultivo e criação. É o progresso científico que reforçará a produção orgânica, jamais o retrocesso tecnológico.
A História carrega ironias. Cientistas desenvolvem plantas transgênicas superpoderosas que, resistentes às pragas e doenças, dispensarão no futuro o uso de agrotóxicos.
Teoricamente, eliminando venenos químicos, mais orgânica será a agricultura. É sensacional vislumbrar essa possibilidade.
Como reage o fundamentalismo ecológico a essa hipótese? No xadrez da tecnologia, a agricultura orgânica enfrentará um xeque. Com inteligência, sem preconceitos, nem esperteza exagerada, defenderá sua virtude. Se apostar no atraso, cai o Rei.
No limite, prevalecerá a agricultura saudável.
Entrevista:O Estado inteligente
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