KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As duas instituições avaliam que os suspeitos combinaram versões para proteger o presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, e evitar que a origem do dinheiro para a compra do dossiê antitucano seja esclarecida. A parceria com a CPI poderia derrubar a estratégia.
A Folha apurou que a PF e o Ministério Público firmaram a convicção de que partiu de Berzoini a ordem de compra do dossiê. Mas a PF crê que dificilmente esclarecerá a origem do dinheiro sem confissão de um dos acusados. Diligências da CPI, que possui amplo poder de investigação e repercussão política, seriam fundamentais.
A suspeita de que Berzoini ordenou a compra é baseada numa série de evidências. Em 13 de setembro, dois dias antes de a PF apreender o R$ 1,7 milhão usado na operação, Osvaldo Bargas, ex-auxiliar de Berzoini no Ministério do Trabalho, ligou 11 vezes para o então presidente do PT. No mesmo dia Hamilton Lacerda foi flagrado no hotel Íbis carregando uma mala. Para a PF, Lacerda transportou os recursos.
Relato dado aos investigadores dá conta de que o deputado federal Carlos Abicalil (PT-MT) sugeriu a operação. Ele procurou Berzoini para dizer que o governador Blairo Maggi (MT) teria pago a Vedoin para dar uma entrevista contra um tucano -Maggi nega. Tempos depois, Bargas tentou negociar uma entrevista com a revista "Época", da qual Berzoini teria tido ciência. Os telefonemas de Bargas, a aparição de Abicalil e a tentativa de negociação de entrevista mostrariam que Berzoini teve participação no caso. Ele nega envolvimento.