Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 11, 2006

A falácia do delegado Moysés


Delegado conclui investigação
e sugere que MP também intimide

Moysés: censura universal contra a intimidação


Seria possível apontar pelo menos trinta mil razões para que o delegado federal Moysés Ferreira permanecesse na cidade de Piracicaba, sua base no interior paulista, onde a exploração do videopôquer vai muito bem, obrigado. Mas ele aceitou participar de uma pantomima em São Paulo: a de investigar jornalistas fingindo que apurava responsabilidades de policiais na "operação abafa" que afastou do escândalo do dossiê o nome de Freud Godoy, ex-assessor do presidente Lula. O acobertamento foi revelado por VEJA. Em contraste com o trabalho altamente profissional da corporação que o acolhe, o delegado Moysés transformou jornalistas de VEJA em réus. Sua tentativa de intimidação foi universalmente condenada em um arco de reações que começou com a própria Federação Nacional dos Policiais Federais e chegou a organismos internacionais como os Repórteres Sem Fronteiras.

Agora, em um relatório ao Ministério Público Federal, ele sugeriu que se apurasse a "eventual participação de particulares em crimes contra a administração pública", cometidos no âmbito da Lei de Imprensa. Em outras palavras, diz que o MP deveria fazer o que ele tentou fazer: punir o mensageiro. Sobre o foco oficial da investigação – a participação de policiais federais na "operação abafa" –, o delegado Moysés afirma, candidamente, não ter encontrado "nenhum indício" de irregularidades nesse sentido. A rapidez com que ele chegou a essa conclusão é espantosa.

A indicação do delegado Moysés para presidir as investigações é um indício forte de que elas foram montadas para mandar um recado à imprensa e a VEJA, em especial. Tecnicamente, Moysés nem poderia estar à frente do caso, já que Severino Alexandre, diretor executivo da PF paulista, citado inclusive em um depoimento ao MP, aparece como pessoa instrumental da operação de abafamento do caso. Severino é chefe de Moysés e não poderia ser investigado por um subordinado. Falácias como essa podem acabar tisnando a boa imagem conquistada pela Polícia Federal junto à sociedade brasileira.

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