Entrevista:O Estado inteligente

segunda-feira, novembro 06, 2006

Dossiê Vedoin: telefonemas ligam Berzoini a Freud


Quebra de sigilo telefônico revela comunicação intensa entre
escritório do então presidente do PT e empresa do segurança e ex-
assessor de Lula

Sônia Filgueiras e Fausto Macedo

SÃO PAULO - A quebra dos sigilos telefônicos da empresa Caso Sistemas
de Segurança Ltda., pertencente ao ex-guarda-costas do presidente
Lula Freud Godoy e sua mulher, Simone Godoy, registra intensa
comunicação com o escritório do presidente licenciado do PT, deputado
Ricardo Berzoini (SP). Em agosto e setembro há pelo menos 32 ligações
dos telefones do comitê de campanha de Berzoini, em São Paulo, para a
Caso.

Apesar de se dizer inocente no caso do dossiê Vedoin, Berzoini foi
afastado da coordenação da campanha de Lula quando estourou o
escândalo da compra do dossiê. Freud foi apontado por Gedimar Passos,
ex-integrante do núcleo de inteligência da campanha, como a pessoa no
PT que mandou pagar pelo dossiê. Depois, Gedimar mudou seu
depoimento, passando a isentar Freud e a afirmar que citou-o por
pressão do delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno, primeiro a
interrogá-lo.

Algumas das ligações coincidem com um momento crucial do processo de
negociação do dossiê. Há uma seqüência de seis telefonemas nos dias
11, 12 e 13 de setembro. No dia 14, conforme as investigações da PF,
Hamilton Lacerda, ex-assessor do senador Aloizio Mercadante (PT-SP),
levou ao Hotel Ibis o dinheiro destinado à compra do dossiê.

A mais longa delas, com cinco minutos de duração, foi realizada às
11h08 do dia 13 de setembro. Outra seqüência de 13 telefonemas do
comitê de Berzoini para a Caso é identificada entre os dias 21 e 29
de setembro, às vésperas do primeiro turno das eleições. No dia 29,
quando Freud Godoy prestou depoimento na superintendência da Polícia
Federal em São Paulo, há o registro de duas chamadas entre os dois
escritórios: uma de apenas sete segundos e outra de 3 minutos e 17
segundos.

Procurado, o advogado de Freud Godoy, Augusto Botelho, explicou que a
Caso presta serviços de segurança ao comitê de Berzoini e as ligações
são decorrentes deste contrato. Segundo Botelho, as chamadas refletem
as conversas de funcionários do comitê do deputado com funcionários
da empresa de Freud discutindo assuntos relacionados aos serviços de
segurança e não têm relação com o dossiê. “Freud Godoy não vai à Caso
com freqüência”, diz Botelho. O advogado reitera que seu cliente não
está envolvido no escândalo.

Não há, até o momento, registro de telefonemas entre os celulares
pessoais de Freud e Berzoini. Das 32 chamadas, nove têm duração
inferior a um minuto. A reportagem pediu contato com o deputado, que
estava viajando, por meio de sua assessoria. Até 19 horas não havia
recebido retorno.

Frenesi no dia 13

Em seu celular pessoal, com prefixo de Brasília, Berzoini recebeu
dezenas de ligações do comitê de campanha de Lula. A maior seqüência
delas é precisamente no dia 13 de setembro, quando Gedimar aguarda o
recebimento do dinheiro no hotel.

Naquela mesma semana, Expedito Veloso e Oswaldo Bargas, do alto
escalão da campanha de Lula, estavam em Cuiabá checando a entrevista
que Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, daria
acusando a administração tucana no Ministério da Saúde de cometer
irregularidades.

Foram 11 chamadas, todas entre 19h e 23h. No dia 12 de setembro,
Berzoini recebe duas ligações de Jorge Lorenzetti, chefe do núcleo de
inteligência do PT e patrão de Gedimar.

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