Ainda que ninguém acredite, não é por isso que deixarei de escrever. Eu torço para que Lula faça um segundo mandato melhor do que o primeiro. Como já escrevi aqui certa feita: moro no Brasil, tenho filhas, quero que tenham um futuro promissor no país: mais democrático, mais justo, mais civilizado. Mas, ao mesmo tempo, tenho de dizer: não acredito que vá ser assim. As circunstâncias, em breve, começarão a conspirar contra Lula, numa conjunção de fatores internos e externos. Mas não vou tratar disso agora. Fica para o curso da semana. O que me espantou foi a sensação do “feitiço do tempo”. O que me espantou foi que a primeira semana pós-reeleição foi marcada pelo retorno do mesmo. Todos já vimos esse filme.
Derrotado, Alckmin deu os parabéns a Lula e foi para o seu retiro em Pindamonhangaba. Ele, definitivamente, gosta do rio que corre na sua aldeia. E acho que faz bem em cuidar cada vez melhor do arroio. Não disse palavra. Os demais líderes de oposição, até por um certo pudor diante da vitória expressiva do petista, procuraram ser suaves com o presidente. Restou a crítica contundente do governador eleito de São Paulo, José Serra, à política econômica. Nada, no entanto, que pudesse deixar um petista furioso.
Quem se encarregou de agitar o noticiário com asnices e asneiras? O PT, é claro. Tarso Genro se uniu a Dilma Rousseff, de forma mais ou menos velada, e decretou o fim da era Palocci, dando a entender que o presidente do PC, Henrique Meirelles, estava com os dias contados. O mercado ficou apreensivo, Lula saiu para dizer que não era nada disso. E pronto: lá está a mídia atrás de cobrir os dois PTs: o que se verga às ditas “vontades do mercado” e o outro, “desenvolvimentista”. Atingido, Meirelles compareceu ao debate para dizer que, no Brasil, ainda há quem queira um pouco mais de inflação com um pouco mais de crescimento. Não disse quem quer isso aí. Alguns da oposição não tardaram a anunciar: “Ele só pode estar falando de petistas...”
Enquanto a crise dos controladores levava caos aos aeroportos – um caso claro de incompetência do governo –, Waldir Pires arrumava confusão com os militares, exercendo seu tão exacerbado quanto incompetente “civilismo” em meio à guerra. Ao mesmo tempo, o burocrata Marco Aurélio Garcia, presidente do PT, dava um jeito de buscar uma crise com a imprensa, acrescentando sua retórica oca à truculência de que foram vítimas três repórteres da Veja. Não houve dia na semana passada em que o petista não tenha dado sua contribuição para tornar as relações do Planalto com a mídia mais tensas.
Tudo aborrecidamente igual. Eis o PT. Se a oposição não lhe arruma problemas – e olhem que ela colabora a mais não poder –, o próprio partido se encarrega de farejar crises para sair depois acusando os adversários. Iguais também são os métodos de cooptação. Lula já está em contato com os partidos mensaleiros para formar a sua maioria, enquanto busca enfraquecer o Congresso esboçando uma política de governadores. De saída, uma graninha de quase R$ 1,5 bilhão para atrair os coelhos para a cenoura – ou os patos para a ração, sei lá eu.
Também se repetem as promessas. Cresceremos, no ano que vem, 5%. Disso Lula não tem a menor dúvida e, mais uma vez, afirmou que essa será uma das “obsessões” de seu segundo mandato. Ao lado de tudo o que já sabemos dos petistas, há uma constatação inevitável: essa gente é chata pra chuchu...
Por Reinaldo Azevedo
Entrevista:O Estado inteligente
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