Entrevista:O Estado inteligente

sábado, novembro 04, 2006

Diogo Mainardi O delegado Moysés não é isento

Quem o nomeou para a chefia da PF de Piracicaba foi Francisco Baltazar da Silva. Baltazar foi
obrigado a se afastar do cargo depois de ser acusado
de envolvimento com o doleiro Toninho da Barcelona, o
chamado doleiro do PT. Baltazar trabalhou como gorila
de Lula, juntamente com Freud Godoy. A PF abafou
o caso Freud Godoy. Moysés foi chamado para abafar
o abafamento, dando um aperto em
VEJA"

O delegado Moysés perseguiu VEJA. Dei o troco. Persegui o delegado Moysés.

Moysés Eduardo Ferreira é diretor da Polícia Federal de Piracicaba. O chefe da PF paulista, Geraldo Araújo, disse que ele foi trazido de Piracicaba para conduzir o caso Freud Godoy "justamente para fazer uma investigação isenta, distanciada". Como assim? O delegado Moysés pode ser tudo, menos isento e distanciado.

O prefeito de Piracicaba é Barjas Negri, ministro da Saúde tucano, acusado pelos fabricadores do dossiê Vedoin de receber propina da máfia dos sanguessugas. O delegado Moysés é encarregado de investigá-lo. Como ele pode ser isento? Como ele pode ser distanciado?

Quando o delegado Moysés assumiu o comando da PF de Piracicaba, o prefeito da cidade era o petista José Machado. Um sempre apoiou o outro. Um sempre prestigiou o outro. José Machado é recordado sobretudo por sua sociedade com o antigo chefe de Freud Godoy, Celso Daniel, numa empresa de consultoria que foi denunciada pelo Tribunal de Contas do Estado por seus contratos irregulares com prefeituras petistas. José Machado é recordado também porque um dos principais operadores da máfia dos vampiros, o lobista Laerte Correa Júnior, foi preso pouco antes de pagar um fornecedor de sua campanha à prefeitura.

Mas há algo pior do que isso. Em sua defesa do delegado Moysés, o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, disse que ele tem "um compromisso com a verdade, sem partido". Paulo Lacerda está querendo enganar a gente. Ele sabe que o delegado Moysés pode ser tudo, menos apartidário. Quem o nomeou para a chefia da PF de Piracicaba foi Francisco Baltazar da Silva. Lembra dele? Francisco Baltazar é o predecessor de Geraldo Araújo no comando da PF paulista. Foi obrigado a se afastar do cargo depois de ser acusado de envolvimento com o doleiro Toninho da Barcelona, o chamado doleiro do PT. Francisco Baltazar trabalhou como gorila particular de Lula em quatro campanhas presidenciais, juntamente com Freud Godoy e José Carlos Espinoza. Em 2002, ele contratou o policial federal aposentado Gedimar Passos para ser guarda-costas de Lula. Isso mesmo, Gedimar Passos, aquele que foi preso com dinheiro para comprar o dossiê Vedoin e, antes de se retratar, denunciou Freud Godoy.

Como podem me acusar de tudo, menos de ser isento e distanciado, sugiro cruzar os números de telefone de Francisco Baltazar com os dados sobre as quebras de sigilo em poder da CPI dos Sanguessugas. Quem sabe aparece outro homem do presidente no golpe do dossiê.

A PF abafou o caso Freud Godoy. Agora o delegado Moysés foi chamado para abafar o abafamento, dando um aperto em VEJA. O plano lulista para a imprensa já está traçado: encher de dinheiro público os cupinchas e calar todo o resto. Para o lulismo, jornalista bom é jornalista jabazeiro. Há muito jornalista jabazeiro por aí. Eu mesmo estou sendo processado por um monte deles. Se o plano falhar, o PT sempre pode recorrer ao delegado Moysés e sua turma. A milícia lulista está pronta para agir, com óleo de rícino para todo mundo. Até alguém morrer.

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