O Estado de S. Paulo |
7/11/2006 |
Hoje o IBGE deverá confirmar o aumento da atividade industrial acima do esperado mas abaixo das vendas do comércio. Ontem a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou em seus Indicadores Industriais que as vendas reais (descontada a inflação) da indústria de transformação em setembro cresceram 1,82% em relação ao mês anterior e 4,06% em relação a setembro do ano passado. Mas as informações são mais promissoras ainda quando analisadas sob o ângulo do varejo. Ontem, o jornal O Estado publicou matéria da repórter Márcia De Chiara que nos dá conta de aumento de até 30% nas encomendas destinadas ao suprimento das grandes redes de comércio varejista, para as vendas programadas para este final de ano. Na entrevista publicada quarta-feira no jornal O Estado, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, já colocara ênfase na situação que havia sido revelada na última Ata do Copom: avanço de 6,3% no consumo varejista em agosto em comparação com agosto do ano passado; e de 5,3% nos oito primeiros meses do ano em relação a mesmo período do ano passado. Como a atividade da produção industrial está ficando para trás, no momento só não falta mercadoria que dê conta do vigor da demanda porque as importações têm feito sua parte; estão suprindo o que o sistema produtivo não está conseguindo. Apesar dessa embalada, ninguém deve esperar para os dois últimos trimestres do ano uma puxada que seja capaz de empurrar o aumento do PIB deste ano de volta para a casa dos 4%. É provável que 2007 comece sob novas e melhores condições. Os empresários estão tão ocupados com suas reclamações sobre o comportamento do câmbio e da política de juros, queixam-se tão insistentemente de que o País não consegue crescer embora tenha dominado a inflação, que correm o risco de serem apanhados despreparados para o forte aumento do consumo aparentemente já em curso. Na semana passada, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, integrava um pelotão de ministros petistas que reivindicava uma guinada na política para a obtenção do crescimento a fórceps, com base na velha palavra de ordem de "quem sabe faz a hora, não espera acontecer". Mas a ministra parece convencida agora de que não há contradição entre manter a inflação no chão e garantir maior crescimento econômico. "Não há essa escolha de Sofia", admitiu ao jornal O Globo de domingo. "Só há crescimento sustentável com inflação controlada." Pareceu declaração do diretor de Política Econômica do Banco Central, o inflexível Afonso Bevilaqua. Isto posto, é preciso ir às últimas conseqüências. Se o consumo está crescendo a mais de 5% ao ano, então tem de ficar entendido que não é a política de juros que está freando tudo. No governo Lula este país já teve os juros acima dos 29% ao ano e, nesse tempo, ninguém entendia que consumo e produção estavam emperrados. Melhor apontar o dedo acusador para a gastança do setor público, que puxa dívida e juros para cima, leva à excessiva carga tributária, tira recursos do investimento e paralisa o setor produtivo. |
Entrevista:O Estado inteligente
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terça-feira, novembro 07, 2006
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